Por que o Brighton demitiu scouts e aposta em modelo secreto de contratações

5 minutos de leitura

Nomes como Moisés Caicedo, Robert Sánchez e Alexis Mac Allister se destacaram no Brighton e despertaram interesse de outros gigantes da Premier League. Os dois primeiros migraram para o Chelsea, enquanto o último se transferiu para o Liverpool.

Apenas nestas movimentações, os Seagulls lucraram mais de 200 milhões de euros, cerca de R$ 1,2 bilhão na cotação atual. O clube quer se manter no auge quando o assunto é garimpar talentos com alto potencial de venda futura e, para isso, o departamento de scout (olheiros) passou por mudanças.

O sistema de scout do Brighton

O principal ponto da reestruturação foi a demissão de boa parte dos olheiros do time. O jornal britânico “Telegraph” alertou que três membros do scout, que trabalhavam em tempo integral para o Brighton, foram demitidos, e outros profissionais da área devem ser realocados.

A decisão teria sido uma surpresa para os envolvidos no departamento de futebol, e a motivação é a implementação de um sistema de análise de dados com foco em “manter a vantagem sobre os concorrentes”, conforme analisou o periódico.

O Brighton utiliza métricas fornecidas pela empresa Jamestown Analytics, e a crença é de que a companhia tenha um termo de exclusividade com os Seagulls na Premier League. Uma fonte fez até uma comparação inusitada ao comentar o assunto no jornal.

— O modelo do Brighton é parecido com o molho secreto do KFC (Kentucky Fried Chicken). Todo mundo quer a receita, mas quem tem, não quer compartilhar com ninguém —, disse.

Método enfrenta queixas

Tony Bloom, presidente do Brighton, durante entrevista coletiva
Tony Bloom, presidente do Brighton, durante entrevista coletiva (Foto: PA Images/Imago)

Com tanto investimento e convicção na análise da consultoria, os olheiros acabaram prejudicados. Um membro que estava ciente das mudanças afirmou ao “Telegraph” que o presidente do clube, Tony Bloom, “parece confiar mais em dados do que em pessoas”.

Para uma das fontes, ao fazer essa reformulação, o Brighton pode ser prejudicado por não ter acesso a informações sobre a personalidade e a responsabilidade do candidato, de modo a dispensar a parte humana do processo de seleção de atletas.

— Scout é mais do que identificar os melhores jogadores. É analisar o atleta em termos de liderança, entrega ao time, descobrir a personalidade dele e falar com pessoas sobre ele. Os dados não conseguem captar tudo isso, e é extremamente importante na hora de investir em jogadores —, destacou.

Os relatos enfatizaram que o ideal seria unir as duas formas: utilizar o sistema, porém, complementar com a parte humana que pode ser fornecida pelos olheiros.

O Brighton foi contatado pelo jornal, mas não quis se pronunciar sobre a reestruturação do departamento de scout ou a demissão dos profissionais.

Milena Tomaz
Milena Tomaz

Jornalista entusiasta de esportes que integra a equipe de redação da PL Brasil. Se formou em Comunicação Social em 2019.