Por que o Brentford não tem categorias de base desde 2016

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Uma das sensações da Championship 2019/2020, o Brentford ficou muito perto de conquistar seu primeiro acesso à Premier League e concretizar o resultado de um projeto ousado. Os holofotes sob os Bees se devem às mudanças inovadoras dentro e fora de campo, dentre elas, o encerramento das categorias de base em 2016.

Brentford acabou com a base e criou time B

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Alex Burstow/Getty Images

A diretoria tomou a decisão baseada em alguns pilares. O clube não conseguia competir financeiramente com outros times maiores, gastava um valor alto para manter a estrutura da base e produzia um número insuficiente de jogadores de qualidade seja para atuar no time principal, seja para venda.

Os poucos jovens atletas que se destacavam logo eram levados por clubes maiores por valores baixos, como foi com o meia-atacante Ian Poveda, então com 16 anos, vendido para o Manchester City em 2016.

O Brentford resolveu ousar e tentar um caminho diferente para o sucesso. Além de encerrar as categorias de base, a diretoria criou um time B, com atletas entre 17 e 21 anos que foram rejeitados por clubes maiores, além de promessas de mercados menores da Europa que buscam uma oportunidade de jogar na Inglaterra.

A equipe não disputa a Premier League 2 (campeonato sub-23 com clubes ingleses e galeses), mas disputa amistosos, especialmente contra equipes sub-23 de outros times e até competições semiprofissionais.

Em janeiro de 2019, o Brentford B chamou a atenção por vencer o time sub-19 do Bayern de Munique por 5 a 2, na Alemanha.

“Rebelde é uma boa maneira de definir (o projeto). Se ninguém nunca ousasse em ser diferente, nunca ninguém progrediria”, disse Allan Steele, técnico do Brentford B à BBC.

Neste processo, o Brentford poderia minimizar os riscos: quanto mais velhos os jogadores, mais fácil é avaliá-los pelo que realmente são, e não pelo que scouts (olheiros) imaginam que eles possam se tornar.

O clube assina com jogadores que se desenvolveram tardiamente e ainda têm atributos a desenvolver, à medida que os outros times focam principalmente em atletas mais jovens a cada ano.

“Sabemos tudo sobre todos os jogadores sub-18 do Tottenham. Não há muito sentido em explorar jovens em times menores, já que todos os clubes da Premier League superam a gente. Por isso, queremos ter um conhecimento profundo dos atletas que podem ser dispensados pelos grandes clubes”, avaliou o ex-diretor Rob Rowan, falecido em 2018, ao The Guardian, em entrevista de 2017.

Colhendo os frutos

O primeiro ano do projeto levantou dúvidas e polêmicas, mas pouco a pouco o Brentford foi colhendo os frutos. Mais jogadores revelados no clube passaram a integrar o time principal. Além disso, em 2019, os Bees fizeram a segunda maior venda da sua história. O defensor galês Chris Mepham foi para o Bournemouth por 12 milhões de libras. Mepham integrava o time principal após se destacar na equipe B.

Quem seguiu um caminho parecido ao do Brentford foi o Huddersfield Town. Em setembro de 2017, o clube manteve apenas as categorias sub-17 e sub-19, eliminando as inferiores. Nesta semana, os Terriers anunciaram a formação de uma equipe B.

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Alex Burstow/Getty Images
Pedro Ramos
Pedro Ramos

Coordenador da PL Brasil. Editor da PL Brasil entre 2012 e 2020 e subcoordenador na PL Brasil até o meio 2024. Passagens pelo jornal Estadão e o canal TNT Sports. Formado em Jornalismo e Sociologia.
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