Uma das maiores tragédias da história do futebol ocorreu em 11 de maio de 1985, conhecida como a Tragédia de Bradford. Outros episódios tristes aconteceram envolvendo o futebol inglês, como o Desastre de Hillsborough e a Tragéda de Heysel.
Naquele dia, às 15h (horário local), estava marcado o último jogo da terceira divisão inglesa no estádio Valley Parade. O jogo seria entre o Bradford City e o Lincoln City, celebrando o título e o acesso do time anfitrião à segunda divisão.
O estádio, construído em 1908 e nunca reformado, estava lotado. Perto dos 40 minutos do primeiro tempo, um incêndio começou na arquibancada principal. O forte vento e a estrutura de madeira fizeram com que, em menos de cinco minutos, todo o local estivesse tomado pelas chamas.
As saídas de emergência estavam bloqueadas, o que dificultou a evacuação. Muitos torcedores ficaram presos em seus assentos, e a rota de fuga mais acessível foi o gramado. Mesmo assim, a falta de extintores e de infraestrutura adequada contribuiu para agravar o desastre. O incêndio resultou na morte de 56 pessoas, sendo 54 torcedores do Bradford e dois do Lincoln City, além de deixar pelo menos 265 feridos, vítimas de queimaduras, asfixia ou esmagamento.
Na época, a investigação apontou que o fogo começou devido a um cigarro ou fósforo. Posteriormente, descobriu-se que o incêndio teve início quando Eric Bennet, um visitante australiano, descartou um cigarro na arquibancada. A brasa caiu por frestas no piso e atingiu o acúmulo de lixo na parte inferior da estrutura. Bennet tentou apagar as chamas com café, mas não teve sucesso.
Anos depois, o livro “Fifty-Six – A História do Incêndio de Bradford”, de Martin Fletcher, trouxe uma teoria diferente. Segundo o autor, o dono do Bradford City na época, Stafford Heginbotham, teria relações com oito outros estabelecimentos que haviam sido destruídos por incêndios anteriormente. Fletcher sugeriu que o incêndio foi proposital, uma tentativa de obter fundos para a reforma necessária do estádio para a segunda divisão.
Independentemente das causas, a tragédia levou a uma grande reforma na legislação dos estádios ingleses. Após o incêndio, tornou-se obrigatório que os estádios tivessem extintores de incêndio, saídas de emergência funcionais e que não utilizassem estruturas de madeira.
O Bradford City jogou longe de sua casa por dois anos enquanto o Valley Parade era reformado. O estádio foi reaberto em 1986, diante de 15 mil espectadores. Desde então, todo 11 de maio é marcado por homenagens às vítimas, realizadas tanto no clube quanto na praça principal da cidade.