Apesar de ter perdido as duas últimas partidas, incluindo uma derrota de virada para o Manchester United, o Bournemouth vive grande fase na Premier League sob o comando do inglês Eddie Howe.
Tática de Howe
O time do sul da Inglaterra não tem uma plataforma tática definida, embora sempre utilize uma variante do 4-4-2.
Howe já utilizou até mesmo uma formação com três defensores, graças à versatilidade de Nathan Aké, formado na base do Chelsea, e que vem se tornando um belíssimo jogador nas mãos de Howe e de Koeman – o último, na seleção da Holanda.
O Bournemouth de Howe é marcado pela intensidade. E esse adjetivo se encaixa tanto defensivamente quanto ofensivamente. O vídeo acima mostra algumas das principais ações do time inglês. Balanço defensivo, um 4-4-2 evidente defendendo, uma marcação-pressão e superioridade numérica no portador da bola com imposição física no último terço defensivo, além de muita velocidade e intensidade no contra-ataque.
Sem a bola, se fecha
Perto do funil da área defensiva, ele pressionam, em grande número, o portador da bola. Assim, com muita imposição física, conseguem o desarme ou a interceptação.
Geralmente, a superioridade numérica da equipe de Howe resulta em uma roubada de bola do Bournemouth.
Nesta imagem, é possível notar a equipe do Bournemouth, enfrentando o Manchester United, concentrada em um lado do campo, onde a bola estava. Na direita do time, vê-se Luke Shaw dando amplitude e livre. Normalmente, notando isso, os adversário costumam sempre fazer a virada de jogo.
Entretanto, umas das grandes virtudes da equipe é o balanço feito pelas duas linhas de quatro atletas do sistema tático de Eddie Howe. Dependendo da movimentação do rival, é claro.
Em alguns lances bobos e erros de posicionamento, a defesa do clube fica um tanto quanto vulnerável. Por exemplo, na imagem abaixo, Aké e Steve Cook recuam por conta da profundidade que os dois jogadores mais ofensivos do Manchester United dão, mas os dois meias de Howe não acompanham e geram espaço entre as duas linhas.
Embora tenha 4 clean sheets (jogos sem tomar gols) até a décima segunda da Premier League, o time teve sua rede balançada 16 vezes nos oito confrontos em que tomou gol, incluindo uma derrota por 4 a 0 contra o Burnley.
Com a bola, se torna flecha
Com Callum Wilson, Joshua King, Ryan Fraser e David Brooks puxando os contra-ataques, o time do Bournemouth pode chegar ao gol da equipe adversária em segundos, já que eles quase sempre pegam os defensores rivais despreparados.
Eles são extremamente verticais. Dificilmente se verá a equipe de Howe tocando a bola de um lado para o outro – o Bournemouth é apenas o décimo time com mais passes trocados. Sempre buscam finalizar nos segundos após o desarme.
Os alas da equipe se tornam imprescindíveis durante toda esta transição ofensiva. Como quase sempre os laterais adversários se aventuram para criar jogadas contra o gol de Begovic, os lados do campo viram espaços a serem preenchidos pelos jogadores do Bournemouth.
PRINCIPAIS NOMES DA ATUAL TEMPORADA DO BOURNEMOUTH
Eddie Howe
Eddie Howe é o treinador com mais tempo no cargo na Premier League (Foto: Getty Images)O trabalho do treinador inglês no comando do Bournemouth é louvável. Já ganhou três vezes o prêmio de melhor comandante do mês na Premier League. A última vez que conquistou foi em outubro de 2018.
Com 40 anos de idade, está no banco do Bournemouth desde 11 de outubro de 2012, sendo o treinador há mais tempo no cargo dos 20 do Campeonato Inglês (para saber mais do jovem técnico da Inglaterra, basta clicar aqui).
Ryan Fraser
Uma das grandes revelações desta temporada da Premier League de 2018/19 é Ryan Fraser. O escocês de 24 anos é ponta da equipe do Bournemouth desde 2013, vindo do Aberdeen.
Ryan não é um ponta como a maioria, que joga apenas pelos lados de campo. Seja atuando pela esquerda – mais comum – ou pela direita no sistema tático de Howe, ele consegue ser um excelente jogador no meio-campo.
Ele é o principal articulador da equipe e o mais criativo na fase ofensiva da equipe inglesa. Ryan é muito intenso, assim como praticamente todos os atletas do Bournemouth. Sempre pressiona bem, além de ser uma peça-chave nos contra-ataques, como no primeiro vídeo deste texto.
No frame acima, Ryan Fraser tabela e já se atira ao ataque numa velocidade absurda para fazer o cruzamento. Foi assim que ele conseguiu a maioria das suas 6 assistências, sendo o líder no quesito nesta edição da Premier League até aqui. Ele marcou também outros 3 gols.
Callum Wilson
No último terço do campo ofensivo do Bournemouth, Callum Wilson é dominante. Com 6 gols, ele tem um a menos que Hazard, o artilheiro da Premier League. Somado isso as 4 assistências e o grande ritmo de jogo, percebe-se que o inglês tem um físico invejável.
Sempre muito ativo e intenso nos contra-ataques, Wilson se movimenta bastante na parte da frente do time. No vídeo, o inglês se posiciona na última linha da defesa adversária e se torna flecha quando recebe o passe do companheiro.
Essa característica fizeram com que Gareth Southgate o convocasse aos dois últimos jogos em 2018. Logo na estreia pela seleção, o atacante de 26 anos marcou.
Nathan Aké
Formado na base do Chelsea, Aké é um dos grandes nomes desta temporada do Bournemouth e um dos jogadores mais promissores da seleção holandesa.
Seu desempenho está tão bom que, segundo jornais britânicos, a equipe de Londres estaria disposta a repatriá-lo a pedido do treinador Maurizio Sarri.
O zagueiro, que já foi utilizado como lateral e um defensor do lado esquerdo em esquema com uma linha de 3 ou de 5 atrás, consegue bons passes e tem um bom posicionamento. Na marcação por perseguição do Bournemouth, o holandês consegue se impôr fisicamente e é muito rápido.
Apesar de ter perdido as duas últimas partidas pela Premier League, o Bournemouth segue vivo para surpreender nesta edição do Campeonato Inglês.
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