De onde vem o canto “Boring Boring Arsenal” (“Entediante Entediante Arsenal”, em tradução livre)? Ele vem da própria torcida gunner e sua origem está na temporada de 1992/93, a primeira edição da Premier League.
Razão do canto ‘Boring Boring Arsenal’
Na verdade, não é muito difícil entender a razão por trás do canto. Trata-se de uma resposta para o futebol entediante e fraco praticado pelo time do norte de Londres naquele campeonato. Na ocasião, o time era treinado por George Graham.
Desde então, esses gritos são escutados sempre que a equipe faz campanhas decepcionantes. O canto voltou a ser entoado com frequência durante a passagem de Unai Emery como treinador do clube (de maio de 2018 a novembro de 2019).
Voltando à Premier League 92/93, fica claro o motivo de frustração dos torcedores. Em 42 jogos disputados, a equipe marcou apenas 40 gols, terminando com o pior ataque da competição (um a menos do que o Nottingham Forest, último colocado). Foram 16 derrotas, 11 empates e somente 15 vitórias.
Leia mais: Arsenal no Football Manager 2020: algumas dicas para vencer com os Gunners
Desempenho tão fraco rendeu ao Arsenal a 10ª posição ao final do campeonato e o canto que viria a atormentá-lo em todas as campanhas fracas a partir dali.
O que irritava bastante a torcida dos Gunners naquela época, além da campanha em si, eram as grandes sequências de partidas com resultados decepcionantes. Por exemplo, os 11 jogos disputados pela equipe entre 12 de dezembro de 1992 e 3 de março de 1993.
Na ocasião, o time venceu apenas três vezes. Foram quatro empates e quatro derrotas (sendo uma para o arquirrival Tottenham e outra para o pequeno Wimbledon, em casa).
Naquele período os comandados por George Graham marcaram apenas cinco gols. Uma média menor do que 0,5 por partida.
Injustiça com Graham?
Quando se pensa na passagem de George Graham pelo comando dos Gunners quase que automaticamente lembra-se do “Boring Boring Arsenal” de 1992/93. Mas seria uma grande injustiça reduzir seu trabalho no clube a esse fato.
Naquela mesma temporada, por exemplo, Graham levou o Arsenal a dois títulos. A Copa da Inglaterra e a Copa da Liga, ambas diante do Sheffield Wednesday.
Antes de ser treinador, ele foi jogador do clube do norte de Londres. Atuou de 1966 a 1973, como atacante. Ao todo fez 308 partidas e 77 gols. Conquistou três títulos. Uma liga, uma Copa da Inglaterra e uma Copa das Feiras (extinto torneio de clubes europeus).
Leia mais: 49 sem perder: como o Arsenal conseguiu a maior série invicta da era PL
Chegou para ser treinador do Arsenal em 1986. Levou o clube a importantes títulos, como dois campeonatos ingleses (1988/89 e 1990/91). Ainda conquistou uma Copa da Inglaterra, duas Copas da Liga e uma Recopa Europeia.
Antes da temporada 1992/93 não havia qualquer razão para chamar seu time de entediante. Entre as temporadas de 1986/87 e 1991/92, o Arsenal teve média de 66 gols no Campeonato Inglês (marcando 81 em 91/92).
Estilo de jogo de Graham
As equipes montadas por Graham eram conhecidas por ter um bom jogo de meio-de-campo e por criar várias chances de gol para vários finalizadores diferentes. O que então teria feito o treinador mudar para um sistema tão focado na defesa e tão dependente de bolas longas para o centroavante Ian Wright?
Há o argumento de que o foco de Graham tenha se tornado as copas, nacionais e internacionais. Torneios nos quais o Arsenal vinha decepcionando, sendo eliminado nas retas finais (quando não caía precocemente).
A mentalidade seria a de que cedendo poucos gols a equipe teria mais chances de se classificar nos mata-matas, por conta da qualidade individual de seus jogadores de meio e ataque (além de Wright, podemos citar nomes como Alan Smith, Anders Limpar e Ray Parlour).
É possível dizer que a estratégia funcionou. Apesar da péssima campanha na Premier League, a equipe levantou as duas copas nacionais em 92/93. Na temporada seguinte veio a conquista da Recopa Europeia, diante do Parma (vitória por 1 a 0).
Leia mais: Valor de mercado de Martinelli triplica em cinco meses
“One Nil To The Arsenal”
O título internacional inspiraria outro canto da torcida, esse um pouco mais lisonjeiro (mas com uma pitada de sarcasmo incluída). “One Nil To The Arsenal” (“Um a Zero Para o Arsenal”) era entoada quando os Gunners marcavam o primeiro gol do jogo, com a confiança de que o placar dificilmente se modificaria.
A Recopa seria o último título conquistado por George Graham pelo Arsenal. O treinador foi demitido em 1995, no meio da temporada, quando foi descoberto de que ele havia recebido comissões do empresário norueguês Rune Hauge. O dinheiro foi prêmio pelo técnico ter contratado John Jensen e Pal Lydersen, dois jogadores agenciados por Hauge.