Dois Big-6 e mais um votam contra nova regra de fair play financeiro da Premier League

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A Premier League está a um passo de sofrer uma grande mudança em suas Regras de Rentabilidade e Sustentabilidade (PSR) — como é chamado o fair play financeiro do futebol inglês.

Nesta segunda-feira (29), os acionistas dos clubes da liga se reuniram em assembleia e concordaram em levar adiante uma das sugestões dadas anteriormente para evitar novas deduções de pontos aos clubes que infringirem as regras, como aconteceu com Everton e Nottingham Forest nesta temporada. A informação foi divulgada inicialmente pelo jornal “The Times” e confirmada por outros veículos na Inglaterra.

Entre as sugestões emitidas anteriormente, a que deve ser levada adiante é a definição de um teto salarial. Essa medida define que os valores gastos com salários passem a ser diretamente relacionados à folha de pagamento do clube que ficar em último lugar na tabela.

Dessa forma, o teto salarial irá “ancorar” os gastos máximos de qualquer clube ao que o último colocado recebeu por direitos de transmissão e acordos comerciais da Premier League, multiplicado por um número fixo, na temporada anterior. Inicialmente, o múltiplo sugerido era 4,5, mas devido à oposição de diversos clubes, espera-se que um múltiplo de 5 seja implementado, de acordo com o site “The Athletic”.

Na prática, funciona da seguinte forma: caso a regra do teto de gastos já estivesse em vigor nesta temporada, ela levaria em consideração a folha salarial do Southampton, lanterna da Premier League 2022/23.

A soma dos valores angariados em direitos de transmissão e acordos comerciais dos Saints deu 103,6 milhões de libras naquele ano. Portanto, o valor máximo que poderia ser gasto com o elenco — o que inclui o salário da equipe principal, taxas de transferência amortizadas e pagamentos de agentes — em 2023/24 seria 518 milhões de libras (ou seja, 103,6 multiplicado por 5).

Quando a regra começa a valer?

Apesar da aprovação em assembleia, a nova regra ainda não teve um aval oficial. Isso só deve acontecer em junho, na Assembleia Geral Anual, caso receba a aprovação de pelo menos 14 dos 20 clubes da Premier League. Caso seja aprovada, as regras passam a valer na temporada 2025/26.

Vale frisar também que a regra do teto de gastos não é unanimidade. A ideia é mais popular entre os clubes menores, já que dessa forma, a disparidade da qualidade de elenco tende a diminuir. O “Times” havia noticiado na última semana, inclusive, que o Manchester United iria liderar a oposição contra a regra porque o novo co-proprietário Sir Jim Ratcliffe acredita que ela colocaria a equipe em desvantagem na janela de transferências.

O veículo noticiou que, além do United, Manchester City e Aston Villa foram os únicos times que votaram contra a mudança. Já o Chelsea se absteve.

No entanto, ainda que a maioria dos clubes concorde com a mudança, ela depende também da aprovação de uma série das entidades que formam o Comitê Consultivo e Negociador do Futebol Profissional, já que irá impactar no salário dos jogadores e pagamentos de agentes. São elas a Associação de Jogadores Profissionais de Futebol (PFA), Associação de Futebol na Inglaterra (FA), a Liga Inglesa de Futebol e a própria Premier League.

Ao The Athletic, um porta-voz da PFA relatou que se oporiam a “qualquer medida que colocasse um limite ‘rígido’ nos salários dos jogadores”.

— Obviamente, esperaremos para ver mais detalhes sobre essas propostas específicas, mas sempre deixamos claro que nos oporíamos a qualquer medida que colocasse um limite “rígido” nos salários dos jogadores. Existe um processo estabelecido para garantir que propostas como esta, que impactariam diretamente os nossos membros, sejam devidamente consultadas.

Maria Tereza Santos
Maria Tereza Santos

Jornalista pela PUC-SP. Na PL Brasil, escrevo sobre futebol inglês masculino E feminino, filmes, saúde e outras aleatoriedades. Também gravo vídeos pras redes e escolhi o lado azul de Merseyside. Antes, fui editora na ESPN e repórter na Veja Saúde, Folha de S.Paulo e Superesportes.