‘Ser obcecada por futebol me ajudou com o autismo’

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Lucy Bronze, um dos grandes nomes do futebol mundial, foi diagnosticada com autismo e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) em 2021.

Na Semana de Celebração da Neurodiversidade, que ocorre anualmente em março e, em 2025, acontece entre os dias 17 e 23, Lucy Bronze falou sobre os seus diagnósticos em entrevista para a “BBC”.

— As pessoas sempre dizem: ‘Ah, você é tão apaixonado por futebol'. Não sei se diria que sou apaixonado, sou obcecado. Esse é meu autismo, é meu hiperfoco no futebol. Algo que é realmente bom para TDAH e autismo é exercício. Ter esse foco, algo para fazer, manter-se em movimento. Treinar todos os dias é incrível para mim. Algumas das outras garotas vão dizer: ‘Você tem certeza de que tem 33 anos? Por que não para?' Todas as coisas que tenho por causa do autismo funcionaram a meu favor.

Bronze revela que tem dificuldades em fazer contato visual com as pessoas durante as conversas e um de seus hábitos é tocar o cabelo durante os jogos.

— As pessoas pensam ‘ela está sempre brincando', mas isso é só eu tentando me acalmar sem nem perceber.

Lucy Bronze fala sobre o diagnóstico do autismo e a Seleção

A defensora recebeu o diagnóstico que tinha autismo e TDAH durante o período em que estava com a seleção inglesa. Ela destaca que isso foi algo positivo para a sua evolução.

— Acabei de aprender mais sobre mim mesmo, entendi por que em certas situações eu via as coisas de forma diferente de outras pessoas ou agia de forma diferente delas. Sentar e realmente falar sobre minhas características e como elas me afetam, situações que me fazem sentir bem ou mal, foi isso que realmente fez sentido na minha cabeça e me fez sentir muito melhor.

Para mascarar o autismo, Bronze copiou o comportamento de outras jogadoras quando estava na concentração com a seleção inglesa.

Quando me juntei à Inglaterra, não conseguia falar com ninguém. (Lembro-me de) que Casey Stoney me disse: ‘Você nunca olhou nos meus olhos quando falava comigo', e eu disse: ‘Não é por sua causa, sou eu'. Eu observava Jill (Scott) e como ela falava com as pessoas. Pensei em copiá-la um pouco. Estou melhor nisso agora, mas às vezes me sinto um pouco desconfortável.

Ela se tornou embaixadora da National Autistic Society com o objetivo para ajudar a conscientizar e acabar com o estiga em relação ao autismo.

Houve momentos na minha vida em que as coisas poderiam ter sido mais fáceis para mim se não houvesse um estigma, se eu sentisse que poderia ser mais aberto sobre isso. Ser incompreendido quando você é mais jovem é muito difícil, e é por isso que eu queria me juntar à instituição de caridade.

Gabriel Lemes
Gabriel Lemes

Me formei em Jornalismo pela Univap em 2019 e sou redator da PL Brasil. Já escrevi para o Quinto Quarto, Minha Torcida, Futebol na Veia e Portal Famosos.