Neste domingo, Aston Villa e Manchester City se enfrentam pela primeira vez em Wembley para decidir a final da 60ª edição da Copa da Liga Inglesa – atualmente denominada Carabao Cup, por razões comerciais. A partida, às 13:30 (horário de Brasília), contará com transmissão da ESPN Brasil.
Campeões da primeira edição do torneio, em 1961, os Villans já disputaram oito finais e conquistaram a taça em cinco oportunidades, sendo a última delas na temporada 1995/1996. E caso seja novamente campeão, o clube se juntará aos Citizens no patamar de segundo maior vencedor da competição.
Por outro lado, o Manchester City pode chegar a sete títulos – em sua oitava final – e ficar a uma conquista de igualar o Liverpool como maior campeão da Copa da Liga. Além disso, repetiria outro feito conquistado apenas pelos Reds: o tricampeonato consecutivo do torneio.
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Cenário do confronto
O Aston Villa é heptacampeão nacional e um dos cinco ingleses a conquistar a Champions League. Um dos clubes de mais tradição, expressividade e torcida na Inglaterra. Mas a equipe tem enfrentado outra realidade. E isso se reflete no cenário da partida: o Manchester City é imensamente favorito.
Enquanto o Aston Villa não alcança nenhum título expressivo há 24 anos, o Manchester City conquistou sete troféus nacionais nos últimos três anos, tendo sido campeão de quatro das últimas seis edições da Copa da Liga.
E no histórico envolvendo as equipes, esqueçamos a vantagem dos Villans em confrontos válidos pela Copa da Liga (3 a 1). Isso porque o Aston Villa não derrota o Manchester City desde 2013. Nas últimas oito partidas entre os clubes, são sete vitórias da equipe de Manchester. E nesses confrontos, apenas três gols marcados pelos Villans, contra 26 sofridos.
Nesta temporada, somados os dois confrontos, ambos válidos pela Premier League, o agregado é de 9 a 1 para os Citizens. E o 6 a 1 em pleno Villa Park, há pouco mais de um mês, ainda está bastante vivo na memória dos torcedores – assim como o hat trick de Sergio Aguero, que, em sete partidas contra o Aston Villa, tem nove gols marcados.
As campanhas até a decisão
A primeira partida do Aston Villa na Copa da Liga foi logo na segunda rodada eliminatória, enquanto o Manchester City fez sua estreia apenas na terceira fase da competição. E, ao passo que o Villa enfrentou quatro equipes da Premier League, o City encarou apenas duas. Em comum, o fato de que ambas as equipes utilizaram a Copa da Liga para rodar o elenco e testar formações alternativas, com exceção das semifinais.
Após eliminar o Crewe Alexandre por 6 a 1, o Aston Villa derrotou um time totalmente reserva do Brighton por 3 a 1 no Amex Stadium, com gols de Jota Pelegrero, Conor Hourihane e Jack Grealish. Enquanto isso, os Citizens passaram pelo Preston North End, no estádio Deepdale, pelo placar de 3 a 0, com gols de Raheem Sterling e Gabriel Jesus, além de Ryan Ledson contra a própria meta.
Na quarta rodada eliminatória, vitórias do Aston Villa sobre o Wolverhampton – 2 a 1, com gols de El Ghazi e Ahmed Elmohamdy – e do Manchester City sobre o Southampton, por 3 a 1, com gols de Nicolás Otamendi e Sergio Aguero, duas vezes.
Já nas quartas de final, o Villa eliminou o Liverpool, em partida realizada às vésperas do Mundial de Clubes, no Catar – resultado: vitória por 5 a 0 sobre a equipe sub-23 dos Reds. Por sua vez, o Manchester derrotou fora de casa o Oxford United, atualmente na League, por 3 a 1 – tentos marcados por João Cancelo e Raheem Sterling, duas vezes.
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Adiante, o Aston Villa superou o Leicester, em semifinal dramática, por 3 a 2 no agregado. No primeiro confronto, 1 a 1 no King Power Stadium, com gols de Frederic Guilbert e Kelechi Iheanacho. Na partida de volta, 2 a 1 para os Villans, com gol egípcio nos acréscimos – assistência de Elmohamady para Mahmoud Trezeguet, ambos vindos do banco de reservas – com direito à invasão de campo e muita comoção no Villa Park.
Do outro lado da chave, o clássico de Manchester. Na primeira partida, em Old Trafford, vitória maiúscula dos Citizens: 3 a 1, com gols marcados por Ryiad Mahrez, Bernardo Silva e Andreas Pereira (contra); Rashford descontou. No segundo jogo, os Red Devils até venceram, mas o 1 a 0 – gol de Nemanja Matic – não foi suficiente para evitar a eliminação diante do rival.
Como chega o Aston Villa
A 11 partidas do fim da Premier League, o Aston Villa está de volta à zona da degola – após a vitória do West Ham nesse sábado – e vem de três derrotas consecutivas no campeonato. E o último revés, por 2 a 0 para o Southampton, revelou uma equipe apática, vulnerável e reação.
Aliás, a fraca atuação reflete bem a atual temporada do clube. O elenco montado na janela de verão foi um dos que mais demandou investimentos no mercado europeu e, no entanto, não tem correspondido. Fruto disso é a campanha bastante irregular na liga nacional.
Em suma, a equipe de Birmingham é a mais vazada na atual Premier League, com 52 gols sofridos. Também é a que mais leva chutes ao gol na liga inglesa, com média superior a 18 por partida. Ademais, o Villa não obtém um clean sheet desde a rodada de Boxing Day, em vitória mínima contra o lanterna Norwich.
Assim, o fantasma do rebaixamento, que cerca o Villa Park desde o retorno a Premier League, deve permanecer, ao menos por perto, até o final do campeonato.
Contudo, o clube tem, neste domingo, a oportunidade de abrilhantar a até aqui tão apagada temporada. O título da Copa da Liga representaria não só um momento de glória para um gigante que vê sua grandeza ameaçada, mas também uma vaga na Uefa Europa League 2020/2021 – o que recolocaria o Aston Villa numa competição europeia após dez anos.
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Torcedor dos Villans desde criança, o técnico Dean Smith expressou o que significa esse momento, referindo-se a entrar para a história do clube: “Nós todos sabemos que precisamos ficar na Premier League, mas conquistar troféus é o que nos leva ao esporte. Nós queremos ganhar jogos e títulos, e esse é um deles. Temos uma história a se orgulhar na competição, tendo ganhado por cinco vezes e eu adoraria ser o técnico a conquistar pela sexta”.
Já a Jack Grealish, o grande expoente do clube na temporada, esta final também pode representar a última chance de ser campeão com o clube do coração. Criado no Aston Villa, o capitão é a grande esperança da torcida e uma boa atuação da equipe passa, e muito, por seus pés. Aliás, ao entrar em campo, ele já atingirá a importante marca de jogador a mais vezes defender os Villans em Wembley, com cinco partidas no estádio.
Provável escalação do Aston Villa
No gol do Aston Villa, o experiente Pepe Reina, campeão do torneio em 2012, é o atual titular e tem sido um dos destaques da equipe. Contudo, Orjan Nyland, pouco utilizado na temporada, foi o arqueiro contra Liverpool e Leicester, tendo atuação espetacular e decisiva na classificação à final, o que pode lhe render a posição não grande final.
O sistema com três zagueiros deve ser mantido, com as expectativas recaindo sobre Tyrone Mings. Entretanto, para tentar fortalecer o sistema defensivo, o treinador pode recorrer à Ahmed Elmohamady, um dos capitães da equipe, no lugar de Frederic Guilbert, na ala direita, como já fez em outras partidas importantes.
E Dean Smith também deu indícios de que pode alterar o meio-campo, recorrentemente formado por Douglas Luiz e Marvelous Nakamba. Entretanto, John McGinn segue machucado e Danny Drinkwater, que já atuou pelo Burnley no torneio, não pode jogar. Por isso, Conor Hourihane, artilheiro da equipe na competição – com quatro gols marcados – pode ser uma surpresa na escalação, enquanto Henry Lansbury corre por fora.
Já no ataque, Anwar El Ghazi é dúvida, após sofrer lesão facial na derrota para o Southampton, e pode abrir espaço a Mahmoud Trezeguet – situação que também favoreceria a entrada de Elmoahamady, visto que Dean confia muito na sincronia da dupla egípcia. Ainda sem contar com o brasileiro Wesley – que segue machucado – Mbwana Samatta deve ser o centroavante, a ser abastecido pela criatividade de Jack Grealish.
Assim, o Aston Villa deve ser escalado com: Orjan Nyland; Ezri Konsa, Tyrone Mings e Kortney Hause; Frederic Guilbert, Douglas Luiz, Conor Hourihane e Matt Targett; Anwar El Ghazi, Mbwana Samatta e Jack Grealish.
Como chega o Manchester City
O histórico de Pep Guardiola em torneios eliminatórios acentua ainda mais o favoritismo do Manchester City. Não computadas as supercopas, são 13 decisões em sua carreira de treinador, sendo 12 títulos. Ademais, são oito clean sheets nas últimas oito finais.
Se o Villa é o clube que mais sofre gols na Premier League 19/20, o Manchester City é quem mais marca – 68 tentos. Embora a campanha nacional não esteja exatamente no nível dos últimos anos, é difícil criticar o 2º colocado quando ele está 7 pontos à frente do próximo time. Em uma temporada menos espetacular do Liverpool, o Manchester City estaria disputando o título até agora.
Em verdade é também uma temporada com mudanças nas soluções de Guardiola. Agüero não realizou uma temporada espetacular como as últimas 3, embora ainda seja o artilheiro do time. Bernando Silva também viu sua forma decair na temporada 2019/2020. Em compensação, Kevin de Bruyne voltou a ser o maestro no meio de campo Citizen e Gabriel Jesus está finalmente encontrando seu espaço no esquema, seja como centroavante ou como ponta.
No jogo de ida das oitavas de final da Champions League o time de Guardiola venceu o Real Madrid de Zidane com um bom controle da partida. O Manchester City é, e deve ser tratado como favorito. Tem um elenco muito mais caro, um técnico infinitamente mais consagrado e chega à final após um resultado grandioso na competição continental. Cabe aos citizens administrarem essa percepção.
Provável escalação do Manchester City
Fica difícil antecipar as escolhas de Pep Guardiola quando ele utilizou o time titular apenas em uma partida, e logo contra o maior rival do clube. Entretanto, há fatores que hão de nos auxiliar.
O primeiro deles é o calendário. Com a final sendo no dia 1º de Março, passarão 4 dias desde o jogo contra o Real Madrid, tempo suficiente para os jogadores mais importantes descansarem. Além disso, a próxima partida dos citizens é contra o Sheffield Wednesday no dia 4 de Março em Hillsborough.
Com tempo de descanso e uma partida seguinte com certa tranquilidade, Guardiola deve ir com o time mais completo possível. E há também o interesse em manter seu status em competições do tipo.
Ederson deve proteger a meta, embora uma preferência por Claudio Bravo não fosse uma surpresa. O arqueiro já atuou contra o Manchester United na semifinal da competição, e Pep pode proteger seu importante goleiro titular de uma eventual lesão.
Na lateral direita Walker se eleva isolado. Será o titular com certeza pois Joao Cancelo ainda está longe de ser uma unanimidade no clube. Assim, o inglês terá a missão de tentar parar Jack Grealish.
A zaga é complicada de antecipar. Otamendi deve jogar pelo lado direito, mas o costumeiro titular Laporte, recém voltando de lesão, sentiu dores na partida contra o Real Madrid. Guardiola deve poupá-lo, mas tem poucas opções. Stones não tem sido utilizado pelo espanhol, e ao lado do argentino os torcedores tem visto o brasileiro Fernandinho, usual volante, que deve ser a opção.
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Na lateral esquerda Benjamin Mendy é o mais cotado para iniciar a partida. O francês tem bons fundamentos, embora uma eventual substituição por Zinchenko, já utilizado na competição, não seja difícil de imaginar. Ambos conhecem bem o esquema e não são muito diferentes em qualidade técnica.
No meio campo Rodri e Gundogän devem seguir fazendo a ligação entre a defesa e o ataque. É uma dupla que cada vez mais se consolida e tem mostrado uma conexão interessante dentro das quatro linhas.
O último terço é muito complicado de prever. Na semifinal contra o Manchester United, Guardiola usou uma formação com 3 zagueiros, num esquema 3-4-2-1. Já contra o Real Madrid, jogou num 4-2-2-2 que acabou isolando e anulando Bernardo Silva.
Levando em conta os acertos e erros das últimas partidas eliminatórias, e acreditando na inteligência de Pep Guardiola, ele deve colocar Mahrez na direita, como um winger. Na esquerda, Gabriel Jesus fez uma grandiosa partida contra os merengues e deve ser mantido, pois tem vigor físico para suportar a carga necessária.
No final do campo, Kevin De Bruyne deve jogar levemente mais recuado do que Sergio Agüero. O argentino deva voltar à campo como o centroavante que é, e as atuações dele junto ao meia belga tem rendido bons frutos nos últimos anos.
Assim, o Manchester City deve ser escalado com: Ederson; Walker, Otamendi, Fernandinho e Mendy; Gundogän, Rodri e De Bruyne; Mahrez, Jesus e Agüero.