O Arsenal renovou com Mikel Arteta. O contrato estava se aproximando perigosamente do fim em 2025, mas a verdade é que não houve insegurança alguma pelas duas partes. A renovação até 2027 foi oficializada na quinta-feira (12).
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Isso significa que Arteta ficará, então, pelo menos oito temporadas à frente dos Gunners. Na era moderna do futebol, estamos falando praticamente de uma eternidade – Klopp aguentou 9 temporadas no Liverpool, Guardiola também está em sua 9ª temporada no Manchester City, embora já tenha dado indícios de que está na sua última dança.
Segundo estudo da Uefa de 2023, o tempo médio de permanência de um técnico nas suas principais divisões é de 1,3 ano.
Por que Arteta pode se tornar o “novo Wenger”
O Arsenal nunca foi de ter muitos treinadores em sua história, mas quando Arsène Wenger deixou o clube, após 22 anos, esperava-se alguma instabilidade. O que poucos poderiam imaginar é que Arteta, em seu primeiro trabalho como treinador, seria o próximo a fincar o seu nome. Ele sucedeu Unai Emery e o interino Freddie Ljungberg (aquele mesmo).
Por tudo o que já vi desde 2019, eu realmente acredito que o espanhol tem potencial para se tornar um Wenger dos novos tempos. Revolucionário à sua maneira e, ao menos por algum período, vencedor. É o passo que falta.
O progresso do clube é fácil de entender como um gráfico. Quando Arteta chegou, nomeado apenas como técnico (e não manager), o Arsenal estava fora da Liga dos Campeões, ocupava a 10ª colocação na Premier League e vinha de temporadas decepcionantes.
Meses depois, já com a conquista da FA Cup, foi “promovido” e ganhou mais poder dentro da estrutura do futebol. O seu relacionamento com Edu Gaspar foi fundamental para a transformação que viria a seguir.
Nota da edição: no futebol inglês, há dois tipos de cargo no comando de um time, “coach” e “manager”. Os dois são traduzidos como “técnico”, em português, mas na prática o “manager” tem mais influência na administração do clube, como na decisão de contratar atletas. Já o trabalho do “coach” fica restrito às quatro linhas do campo e treinamentos. No exemplo citado pelo colunista, Arteta chegou ao Arsenal como “coach” e depois foi promovido à “manager”.
Arteta e Edu priorizaram o ambiente saudável e baixaram a média de idade do elenco. Para entender melhor sobre o plantel em si, escrevi essa coluna em agosto:
O mais importante é que os dois estão alinhadíssimos sobre o caminho a ser percorrido para que o Arsenal consiga enfim superar o City.
Estive em Londres na semana da final da Champions League. Fiz o tour do Emirates Stadium e, no vestiário, me deparei com frases e palavras. “Disciplina, liderança, dominar e competir”. São os ideais “não negociáveis” de Arteta.
Uma reportagem do “The Athletic” contou que o CT também foi decorado, com fotos do Emirates, mensagens e até mesmo uma citação a Wenger.
O foco está nos detalhes
O espanhol não se limita ao campo, e pensa, sobretudo, em como criar um ambiente vencedor.
Entre os exemplos mais inusitados estão a mudança de cronogramas de treinos para ter mais sessões no Emirates (e assim desenvolver o senso de casa); a mudança de viagens para que os jogadores pudessem passar mais tempo com a família; e a utilização maior do uniforme preto, pelo fato de Arteta considerá-lo mais “intimidador” em relação ao rosa.
O treinador também foi parte importante na transformação do ambiente no Emirates – o Arsenal tem conseguido exercer com mais precisão a definição de mando de campo, com show de luzes, bandeiras, fogos, música…
Se o clube quer ser um dos melhores do mundo precisa entregar também atmosfera.