É normal que rivalidades no futebol sejam entre times de regiões vizinhas, mas as melhores tendem a serem rivalidades construídas dentro de campo. No futebol inglês podemos listar vários… Mas um duelo a parte merece grande destaque. Arsenal x Manchester United protagonizaram talvez a primeira grande rivalidade da Era Premier League.
Da transição até o início do século, as equipes montaram fortes elencos que não só dominaram o país, mas também o continente.
Entre as temporadas de 1995/1996 até a de 2003/2004, apenas as duas equipes conquistaram a taça nacional, sendo seis do United e três do Arsenal. Além disso, em 1998/1999 e 2005/2006, alcançaram a final da Champions League, respectivamente.
Com essa base, listamos hoje cinco jogos memoráveis da época em questão para definir o que de fato é essa rivalidade entre Gunners e Diabos Vermelhos.
Arsenal x Manchester United: 5 jogos que definem a rivalidade
1) Manchester United 0x1 Arsenal (08/05/2002)
Indo à casa de um Manchester United recém-eliminado da Champions League para o Bayer Leverkusen, na semifinal, o Arsenal precisava de apenas uma vitória para praticamente selar a conquista da liga na temporada em questão. Enquanto isso, o United buscava impedir o rival para ainda sonhar com o quarto caneco seguido.
Com respeito e análise mútua, demorava a uma das equipes sequer tentar algo contra a meta adversária. Portanto, o zero persistiu no placar até o início da segunda etapa, quando o zagueiro Silvestre, perdeu a bola para Freddie Ljungberg, que chutou, e no rebote, Sylvain Wiltord definiu o placar em Old Trafford.
Foi o primeiro título dos Gunners desde a temporada de 1997-98, sua segunda Premier League. Ao filmar os torcedores fanáticos que foram de Londres até Manchester, era comum encontrar lágrimas. Principalmente em figuras mais jovens.
2) Manchester United 0x0 Arsenal (21/09/2003)
A temporada em que o Arsenal foi campeão invicto, a única na história, teve o Manchester United como uma mancha nessa jornada. Assim, a primeira aconteceu em setembro, na sexta rodada, quando os times ainda eram separados por apenas um ponto – 12 e 13 respectivamente.
Mais uma vez as equipes se respeitaram, mas nessa, apenas taticamente. A partida que é conhecida como “A Batalha de Old Trafford” teve, de sobra, a rivalidade em sua máxima essência.Ao longo dela, discussões atrás de discussões moldavam o rumo dela.
Patrick Vieira e Ruud van Nistelrooy eram os protagonistas, sendo o capitão francês do Arsenal, expulso por confusão contra o atacante rival. Com nervos mais do que a flor da pele, bastou alguns minutos para que a confusão explodisse de vez.
Os mandantes foram premiados com um pênalti, nos acréscimos, que mudaria o rumo da temporada histórica dos Gunners, porém, Van Nistelrooy acertou o travessão. Surpreendentemente ao errar, o zagueiro Martin Keown comemorou bem perto do adversário, causando uma confusão generalizada após o apito final.
Keown recebeu um gancho de três jogos e 20 mil libras pela provocação. Por outro lado, Roy Keane, Ray Parlour, Patrick Vieira e Ashley Cole foram apenas multados. Em entrevista pós-multa, Keown disse que poderia montar um novo telhado para a federação com a quantidade de dinheiro arrecadado das multas na ocasião.
3) Arsenal 1×1 Manchester United (28/03/2004)
Meses depois do fatídico jogo de Old Trafford, as equipes se reencontraram na 30ª rodada. Enquanto o Arsenal liderava com 74 pontos, United e Chelsea vinham atrás com 62. O placar da partida poderia definir o rumo das equipes na competição.
Já com os rumos da competição – e o rabo entre as pernas após a punição do primeiro turno – os times fizeram um jogo abaixo do que representa a rivalidade. Contudo, depois do intervalo, Thierry Henry, em um belo chute de trivela, abriu o placar logo aos cinco minutos. O United, no Fergie Time, achou o gol de empate com Louis Saha.
O placar foi ótimo para os Gunners, que conquistaram a única taça dourada da Premier League, como mérito por terminarem invictos. Por ventura, foi seu o último título de liga.
4) Manchester United 2×0 Arsenal (24/10/2004)
Uma temporada após o título invicto do Arsenal, os londrinos ainda somavam 49 partidas sem perder – marca que, até hoje, é a maior na história da liga. O United tinha o papel não só de voltar ao topo da liga, mas acabar com o momento do rival.
Dessa vez, o respeito tático não existiu. Em suma, os mandantes não tomaram conhecimento dos invictos e buscavam ameaça-los de qualquer maneira. Vontade que se excedeu ao ponto das equipes superarem sua média de faltas por jogo.
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A recompensa caiu no colo dos mandantes. Aos 25 minutos, o jovem Wayne Rooney caiu na área e foi premiado com um polêmico pênalti. Longe de existir VAR, a marcação foi confirmada. Van Nistelrooy dessa vez, fez questão de não desperdiçar a cobrança. Após longos minutos de pressão e nervosismo, o United foi fatal mais uma vez nos pés de Rooney.
O Liverpool de hoje ameaçou alcançar a marca dos Invencíveis, porém, foi interrompido no 44º jogo, ao perder para o Watford por três a zero. Adicionamos ainda que os invencíveis de Wenger de 2002 detém a terceira maior sequência sem perder (30), ao lado do Manchester City de 2018.
5) Arsenal 2×4 Manchester United (01/02/2005)
Atrás do Chelsea na busca pelo topo da liga, United e Arsenal se enfrentavam em Highburry pela 25ª rodada. Certamente afetados pela partida do primeiro turno, os times da casa não mediram esforços para dar o revide. Com menos de dez minutos, Vieira já abrira o placar.
O gol trouxe uma calmaria não tão necessária para os Gunners, que viram Paul Scholes pressionar e roubar a bola de Lauren para fazer uma jogada em que Giggs empataria. A equipe da casa ainda marcaria mais um belo gol com o triângulo Vieira, Henry e Bergkamp, mas a noite estava reservada para Cristiano Ronaldo.
Em uma blitz no início da segunda etapa, o português marcou duas vezes em cinco minutos para virar o jogo, mudando totalmente seu rumo. Posteriormente, o Arsenal que não temia pressionar, acabara provando de seu próprio veneno para o jovem em ascensão de 24 anos.
Ainda deu tempo de Silvestre ser expulso e colocar emoção na partida, mas no final, quem marcou foi o United, em mais uma boa triangulação iniciada por Scholes e finalizada por John O’Shea.