O Arsenal ficou com o vice da Premier League pela segunda temporada consecutiva. Para muitos, mesmo de mãos abanando, 2023/24 foi uma grande temporada para os Gunners. Já para outros, se trata de mais uma “pipocada” do time londrino. Afinal, foi uma jornada para o torcedor se orgulhar ou foi uma decepção?
Em 2022/23, o termo “pipocar” talvez fizesse sentido, já que o Arsenal dominou a liderança da Premier League durante quase todo o campeonato e deixou o título escapar nas rodadas finais. Entretanto, o trabalho da temporada passada foi na verdade uma virada de chave para os Gunners.
Muitos não acreditavam que o Arsenal sequer terminaria a temporada passada com uma vaga na Champions League. Claro que o contexto final é decepcionante para quem esteve tão perto do seu primeiro título de expressão em quase 20 anos, mas é preciso valorizar o trabalho desenvolvido principalmente pelo técnico Mikel Arteta, que conseguiu implementar uma filosofia de jogo propositivo, ofensivo e vistoso que conseguiu bater de frente com o time que viria a se tornar o melhor do mundo em 2022/23, o Manchester City.
Trabalho ou coitadismo?
Mas chega de coitadismo, diriam alguns. Afinal, até 2022/23, o Arsenal havia gastado R$ 2,7 bilhões em contratações desde a chegada de Arteta, segundo a “ESPN”. Para esta temporada, o time do norte de Londres foi o que mais gastou dinheiro em compra de jogadores: R$ 1,2 bilhão, de acordo com o “Uol”.
Espera aí! Também segundo a “ESPN”, o técnico Pep Guardiola gastou R$ 1,6 bilhão na segunda temporada do treinador à frente do Manchester City. Foram mais de R$ 6 bilhões gastos em contratações durante toda a era do catalão no time inglês. O comandante espanhol é o segundo que mais investiu dinheiro em jogadores na história, de acordo com o “Uol”.
A realidade é que o Arsenal está construindo um projeto vencedor. Temporada após temporada, fica cada vez mais difícil o time londrino não conquistar algum título grande. Se em 2022/23, os Gunners pipocaram, em 2023/24, a equipe de Arteta simplesmente bateu seu recorde de vitórias na Premier League, superando até os “Invincibles” de 2003/04.
O Arsenal empilhou números surpreendentes nesta edição da Premier League. Tem a melhor defesa e o segundo melhor ataque da liga. Os Gunners perderam apenas um jogo em 2024 pelo Campeonato Inglês. O problema é que o Manchester City não perdeu nenhum, enquanto tem o melhor ataque e a segunda melhor defesa.
Para tanto, é louvável ver o Arsenal batendo de igual para igual com o atual “Real Madrid da Premier League”. Parece cada vez mais difícil algum time conseguir bater de frente com o Manchester City e, com uma filosofia de jogo muito bem estabelecida, investimento em jogadores certos — como Declan Rice, Kai Havertz e Martin Odegaard — o clube londrino vai criando uma mentalidade vencedora.
Olhe para o Arsenal dos últimos 15 anos e veja o time que tem agora. Não é um progresso? Estamos falando de um Arsenal que se tornou potência mundial, que estará presente na Champions League sempre e jogando de igual para igual com Bayern de Munique, Paris Saint-Germain, Real Madrid… Afinal, um time que bate de frente com o Manchester City deve temer a quem?
Como o Arsenal pode dar o último passo?
A dúvida que fica após toda essa reflexão é: como dar o último salto? Como o Arsenal pode não só estar entre as principais potências mundiais, mas vencê-las? O problema (para os gestores e felicidade para os torcedores) é que o futebol tem sua considerável parcela de imprevisibilidade. Ou todos cravaram que o Borussia Dortmund estaria na final da Champions League?
Um projeto esportivo vitorioso passa por tudo que o Arsenal está fazendo, mas tem coisas que estão fora do alcance do planejamento. Uma bola na trave, um desvio mal dado, um passe mal feito, qualquer detalhe pode decidir todo um trabalho de um clube. Porém, costumo dizer que, apesar do futebol não ser uma ciência exata, os clubes precisam fazer de tudo para “minar” os pequenos detalhes do acaso que acabam escrevendo uma história de frustrações.
No caso do Manchester City, o salto para finalmente quebrar o tabu na Champions League foi a contratação de Erling Haaland. Não ironicamente, o time do aprendiz de Guardiola parece sentir a mesma necessidade, de encontrar um artilheiro nato, que resolva os jogos travados e seja “o cara do time”.
Fazendo um paralelo justamente com o Manchester City, o Arsenal encontrou variações de defesa, posicionando zagueiro na lateral, (Ben White x Josko Gvardiol), conseguiu um meia pensante e habilidoso como (Martin Odegaard x Kevin De Bruyne) e tem pontas que jogam muito coletivamente (Phil Foden x Gabriel Martinelli) Definitivamente, falta um Haaland nesse time.
Mas como já disse anteriormente no texto, um título de expressão para o Arsenal é questão de tempo. O clube está no caminho.