O Arsenal tentou, chegou muito perto, mas acabou como vice-campeão nas duas últimas edições da Premier League. Foram dois pontos de distância na última temporada e 248 dias liderando a liga em 2022/23. Faltou muito pouco.
Houve evolução da própria equipe, momentos de superação do principal adversário, o Manchester City, e adversidades pelo caminho nas duas campanhas. Mas, afinal, o que falta para o time de Mikel Arteta dar o próximo passo?
9⃣❔O ataque ainda precisa melhorar?
O principal motivo de reclamação dos torcedores nos últimos anos vem sendo o ataque. Principalmente pela falta de poder de fogo concentrada em uma só pessoa.
Gabriel Jesus chegou ao Arsenal como um centroavante móvel, criador, versátil e que também marcava gols. Mostrou ser uma aposta promissora, mas as lesões atrapalharam sua evolução.
O brasileiro teve 11 gols em 26 jogos na Premier League em 2022/23, mas apenas quatro em 27 rodadas na última campanha. Ele chegou a ser o artilheiro da Champions League na fase de grupos do ano passado, mas a inconsistência física não o permitiu continuar.
Nketiah tem sido o reserva imediato de Jesus e mesmo jogando 57 jogos do Campeonato Inglês nos últimos dois anos, só 19 deles foram como titular e nove gols foram marcados. Não mostrou o nível necessário.
Balogun, artilheiro no seu empréstimo na França, foi vendido antes de ser aproveitado, e Havertz, contratado para ser mais um meia, teve de virar centroavante novamente — o que se tornou motivo de insatisfação no Chelsea e um dos fatores para sua saída dos Blues.
Gabriel Jesus pelo Arsenal:
- 69 jogos
- 15 gols
- 15 assistências
- Média de 62 minutos por jogo
Outros ‘seguram as pontas’
São os lados do campo que rendem os números positivos de gols. Saka foi o artilheiro do time na última Premier League, com 16 gols, e o reserva Trossard, com 12 também foi destaque no quesito.
Há dois anos, Odegaard e Martinelli foram os artilheiros, com 15 gols cada, um a mais do que Saka. O meio-campo também tem sido importante, com Rice (23/24) e Xhaka (22/23) com sete gols cada sendo volantes goleadores.
Isso é positivo: mostra que o time é equilibrado e marca muitos gols com uma boa distribuição, não se tornando dependente de um único jogador. Mas ainda é um sinal de que falta um goleador incisivo.
Vale ressaltar que esse goleador não precisa vir na forma de um centroavante alto como manda o estereótipo — como Isak, Toney, Watkins ou Wilson, para citar alguns das últimas temporadas.
Saka, emulando Salah, pode se tornar esse jogador — o ponta que é o principal foco do time no ataque e corresponde.
Mas, ainda assim, as pontas também precisam de respiro. Sem Saka, o lado direito dos Gunners sofre muito e não tem reposição à altura. Martinelli, por exemplo, também caiu de rendimento na última temporada.
Artilheiros do Arsenal em 2023/24:
- Saka – 16 gols
- Havertz – 13 gols
- Trossard – 12 gols
- Odegaard – 8 gols
- Rice – 7 gols
- Martinelli – 6 gols
- Nketiah – 5 gols
- White, Magalhães e Jesus – 4 gols
💪Consistência física e mental
A consistência no desempenho nas últimas rodadas foi o principal motivo da dor dos Gunners em 2022/23. Perderam jogos que, no papel, eram mais fáceis. Deixaram pontos pelo caminho e perderam confrontos diretos importantes.
Isso melhorou na última temporada. O time parecia mais maduro e pronto para os desafios e, mesmo que não tenha tido tanto sucesso na Champions League, domesticamente foi mais seguro.
Ainda assim, a diferença com o City segue nítida. O time de Guardiola é capaz de chegar com fôlego até o final de todas as competições mesmo com diversas adversidades.
O Arsenal tem conseguido atingir esse nível, mas é um processo longo, que demanda uma construção de elenco e união — bem como confiança no modelo de jogo — de alguns anos. Estão chegando perto.
No entanto, a parte física ainda os segura em alguns momentos. Jesus foi um exemplo claro de dificuldades no elenco, enquanto outros jogadores importantes perderam parte da temporada.
- Zinchenko teve problemas físicos e não atingiu o mesmo nível no ano seguinte
- Tomiyasu foi desfalque em muitos momentos
- Timber, recém-chegado, se lesionou ainda na pré-temporada
Isso mostra que, apesar dos problemas físicos, o mental melhorou. Há dois anos, a lesão de Saliba na reta final da temporada acabou com o time defensivamente. As várias lesões no setor, dessa vez, não impactaram tanto.
A adição de jogadores mais experientes e líderes, como Jorginho e Rice, também ajudou. É um processo em curso, mas a adição de mais jogadores consistentes nesse sentido mental também é importante para ajudar o time quando outros precisarem sair
🍀A simples ajuda da sorte
O Arsenal da última temporada, com 89 pontos e 62 de saldo de gols, seria campeão no ano anterior, quando o City, com a mesma pontuação, teve 61 de saldo. Em 2021, o City foi campeão com 86 pontos.
Antes disso, os Gunners do ano passado também seriam campeões em diversas edições anteriores da Premier League. Nas 10 temporadas entre 2007 a 2016, conseguiria o título em todas as edições, exceto a campanha de 90 pontos do Manchester United de 2009.
Desde a chegada de Guardiola na Inglaterra, em 2016, a média de pontuação do campeão subiu nove pontos. Antes, em média, os campeões chegavam aos 85 pontos; depois, a média subiu para 94 pontos.
Vale ressaltar que o time londrino liderou as duas últimas edições do campeonato por bastante tempo, mas os Citizens tiveram sequências positivas quase inimagináveis em ambos os casos.
Apesar de ser muito mérito de Guardiola e seus jogadores, não deixa de ser falta de sorte para o time de Arteta. Tirando o City, os 91 gols dos Gunners em 2023/24 liderariam todas as últimas dez edições do campeonato, exceto em 2022 (Liverpool, com 94).
Ou seja, mesmo que haja um novo centroavante que concentre muitos gols, o ataque ainda é excelente. Apesar da inconstância com lesões e no aspecto mental, a defesa foi a melhor da liga. Realmente, às vezes só falta sorte — e não é vergonha admitir isso.