O atacante Nicolas Pepe, de 29 anos, estava no auge da carreira entre 2017 e 2019, e despertou interesse do Arsenal com o bom desempenho apresentado no francês Lille.
Pepe decidiu se transferir para o futebol inglês ao ser desejado pelos Gunners e chegou à equipe no início da temporada 2019/20, quando tinha 24 anos. O time era comandado por Unai Emery.
O valor da negociação fez o atacante marfinense se tornar o jogador mais caro da história do clube londrino à época. O acordo ficou em 80 milhões de euros, cerca de R$ 486,6 milhões na cotação atual.
Pepe ressaltou que o preço foi acompanhado de altas expectativas, o que, com o tempo, se tornou um peso para ele.
— Eu era jovem, era a minha primeira experiência fora da França. Tive que me adaptar de muitas formas, mas as pessoas não veem isso, só o que acontece dentro de campo. O Arsenal gastou muito dinheiro comigo e eu paguei o preço por isso —, afirmou ele em entrevista ao “The Athletic”.
De Unai Emery para Mikel Arteta
O jogador havia feito 22 gols e servido companheiros em outras 11 oportunidades na temporada 2018/19 do Campeonato Francês, e ajudou o Lille a se sagrar vice-campeão da competição. Assim, entrou no radar de outros gigantes europeus.
Na ocasião, o Napoli, então comandado por Carlo Ancelotti, era um dos candidatos na disputa por Pepe. O marfinense, porém, ficou muito empolgado com o desejo de Unai Emery em tê-lo na equipe e decidiu fechar com o Arsenal.
O começo no futebol inglês não foi ruim, e Pepe participou de gols contra Tottenham, Eintracht Frankfurt e Bournemouth, além de marcar um golaço contra o Vitória de Guimarães na Europa League.
Nicolas Pépé with not one but 𝗧𝗪𝗢 free-kicks for @Arsenal, on this day in 2019 🎯🎯#UEL pic.twitter.com/HkcAhQk3rL
— UEFA Europa League (@EuropaLeague) October 24, 2021
Emery foi demitido pouco depois, em novembro de 2019, e Mikel Arteta foi contratado para o comando técnico. A mudança não causou impacto imediato na atuação de Nicolas Pepe.
O atleta encerrou a primeira temporada com a camisa dos Gunners com oito gols e 10 assistências em 42 jogos. O ciclo seguinte foi ainda melhor, com 16 tentos e cinco passes para companheiros marcarem em 47 partidas.
Com o tempo, a relação com o técnico Arteta ficou estremecida.
— Com Arteta, foi bom no começo. Depois disso, eu tinha cada vez menos tempo de jogo, então havia frustração. Não gosto de ficar no banco toda semana sem justificativa ou explicação, então, sim, criou-se uma tensão —, afirmou.
Os problemas aumentaram com as críticas que o atacante começou a sofrer devido ao desempenho em campo. Para ele, os comentários negativos eram “severos e injustos”, e afetaram muito sua saúde mental.
— Você quer mostrar o que sabe fazer, calar a boca dos críticos, mas, se sua cabeça não funcionar, começa a jogar para trás inconscientemente. Não é falta de caráter, mas, às vezes, é difícil —, declarou Pepe.
O atleta reforçou que não estava acostumado a ser tão criticado, e pontuou como o valor da transferência pode ter contribuído com isso. “Você sabe que custou 80 milhões de euros e que todo mundo vai falar de você se as coisas não derem certo. Isso mexe com sua mente, te afeta. É uma das dificuldades do futebol hoje”, comentou.
O melhor caminho foi sair do Arsenal
Pepe afirmou ter tido suporte do Arsenal, mas não houve perspectiva de dias melhores na equipe. Na temporada 2022/23, o marfinense se transferiu para o Nice por empréstimo e voltou a atuar no futebol francês, mas sofreu com lesões.
O turco Trabzonspor apareceu em seguida, e Pepe viu uma oportunidade de retomar o bom desempenho. Porém, o atleta não gostou de se afastar das cinco grandes ligas europeias (Inglaterra, Espanha, Italiana, Alemanha e Francesa) e decidiu encerrar o vínculo após um ano para assinar com o Villarreal na atual temporada.
Pepe ainda não é titular absoluto no time comandado por Marcelino Toral, mas já contribuiu com um gol e duas assistências em 11 duelos e destacou como valoriza a oportunidade.
O atacante também se mostrou aliviado por não ter mais o “peso” do valor pago pelo Arsenal na cabeça.
— O futebol espanhol é mais calmo, mais técnico que o inglês e o francês. É o que mais combina comigo. Acho que dá para ver isso em campo. Me entendo bem com meus companheiros e me sinto à vontade aqui. Me sinto bem —, enfatizou.
