Um dia após a classificação para a final da Champions League, com direito à goleada sobre o Real Madrid no Etihad Stadium, o Manchester City volta suas atenções às acusações de descumprir as regras do fair play financeiro da Premier League. O clubes inglês apresentou recursos legais contra as 115 denúncias de violações normas financeiras da liga inglesa.
O atual campeão inglês contesta a legalidade das acusações apresentadas contra ele e o advogado encarregado do processo. Segundo o “The Times”, a disputa jurídica surgiu a partir das mudanças nas regras da Premier League, com o Manchester City acreditando que não deveriam investigar as supostas violações de regras de fair play financeiro da liga.
Além disso, acredita-se que o clube tenha contestado o envolvimento de Murray Rosen KC, um torcedor assumido do Arsenal, concorrente direto dos Citizens na briga pelo título inglês, no caso.
Ele é o advogado que está à frente do painel judicial independente da Premier League, ou seja, o encarregado de nomear um presidente para a comissão disciplinar. A Liga Inglesa, por sua vez, afirma que as comissões são independentes dos clubes.
Manchester City e o fair play financeiro da Premier League
O caso não deve ter uma resolução tão cedo. A imprensa inglesa acredita que a investigação possa durar por pelo menos dois a quatro anos. Com a contestação do Manchester City, o desenrolar do processo tende a atrasar mais ainda. A disputa legal entre as duas partes deve chegar a um tribunal de arbitragem em um primeiro momento, porém ela pode evoluir para o Tribunal Superior e até mesmo para o Tribunal de Apelação.
O Manchester City recebeu os documentos legais da Premier League, anunciando as acusações sobre supostas violações de regras financeiras referente às últimas 14 temporadas, em fevereiro. O clube deixou caro que tomaria todas as medidas cabíveis para se defender das acusações e alegou ter “evidências irrefutáveis” para contestar as imputações.
Entretanto, houve mudanças nas regras da Premier League durante esse tempo. Uma delas surgiu em fevereiro do ano passado determinando que todos os clubes deveriam fornecer informações ou do documentação mediante solicitação, bem como responder a perguntas “de forma abrangente” e de forma “cooperativa e aberta”.
Na temporada 2016-17, também houve mudança nas diretrizes das regras financeiras da Premier League, prevendo que todos os clubes forneçam todas as informações solicitadas nas investigações da Premier League.
City pode ser expulso da Premier League?
Caso as supostas violações sejam comprovadas, poderá haver uma série de consequências para o Manchester City, podendo chegar à dedução de pontos ou mesmo à expulsão da Premier League.
As acusações contra o Manchester City estão relacionadas a:
- Informações sobre receita
- Detalhes de remuneração de treinadores e jogadores
- Regulamentos da Uefa
- Lucratividade e sustentabilidade
- Falta de cooperação com as investigações da Premier League.
Em comunicado oficial, o Manchester City disse ter ficado surpreso com as acusações.
— O Manchester City FC está surpreso com a emissão dessas supostas violações das regras da Premier League, principalmente devido ao extenso envolvimento e à vasta quantidade de materiais detalhados que a EPL (Premier League) recebeu. O clube quer a revisão deste assunto por uma comissão independente, para considerar imparcialmente o corpo abrangente de evidências irrefutáveis que existem em apoio à sua posição. Como tal, esperamos que este assunto seja encerrado de uma vez por todas — manifestou o clube.
Caso antigo

As investigações sobre o Manchester City chamaram a atenção no início deste ano, porém o ocorrido faz parte de um processo que aconteceu nos bastidores por cerca de quatro anos sob sigilo. Os Citizens já tinham buscado ajuda de seus principais advogados e contestado as alegações da Premier League, conforme publicou o site investigativo alemão “Der Spiegel” publicou documentos do hacker português Rui Pinto.
Nos documentos que o Manchester City supostamente inflou a receita de patrocínio com dinheiro dos próprios donos do clube em Abu Dhabi, em vez de patrocinadores. O proprietários teriam escondido a injeção de dinheiro direto no time por meio da companhia aérea Etihad, que patrocina o estádio e o clube, além da empresa se telecomunicações Etisalat.
Em março de 2021, uma decisão do Tribunal Superior determinou que o clube “procurou atrasar a entrega dos documentos e informações relevantes” por meio de uma série de “requerimentos processuais”.
O Manchester City, por sua vez, teve sucesso ao contestar as acusações de violação das regras do fair play financeiro da Uefa, junto de conselhos jurídicos de primeira linha. O órgão regulador do futebol europeu havia proibido o clube de disputar competições europeias por dois anos.
Essa proibição foi posteriormente anulada pelo Tribunal Arbitral do Esporte (CAS) em 2020, determinando que não havia provas suficientes para sustentar algumas acusações, enquanto outras estavam prescritas. Ao contestar as alegações, o Manchester City recebeu uma multa de 9 milhões de libras (aproximadamente R$ 55,5 milhões) por não cooperar com a investigação.