O eliminado Arsenal apresentou um grave problema ofensivo e a falta de um grande 9 é só parte da resposta

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O Arsenal está eliminado da Champions League. Depois do tropeço crucial para o título da Premier League, quando perdeu para o Aston Villa em casa no final de semana, os Gunners voltaram a decepcionar na tarde desta quarta-feira (17) ao perder por 1 a 0 para o Bayern de Munique, na Allianz Arena, em partida de volta das quartas de final da Liga dos Campeões.

A melhor defesa da Premier League não foi o suficiente para parar o Bayern de Munique, que conseguiu marcar três gols em dois jogos contra os Gunners. Pior que isso, o segundo melhor ataque da liga inglesa passou em branco numa das partidas mais cruciais para o clube na temporada.

Por que o Arsenal não chutou?

Durante o primeiro tempo, os dois times se estudaram bastante, mas parecia que o Arsenal “não queria marcar o gol”. Isso porque a equipe londrina até chegava no terço final, mas abdicava da finalização. Nos 90 minutos, os Gunners finalizaram apenas três vezes no gol. Foram sete no total do confronto.

Se comparado ao adversário, parece um número normal — 10 finalizações sendo duas no gol. Mas se levar em consideração que o time comandado pelo técnico Thomas Tuchel praticamente abdicou de atacar em todo o primeiro tempo, não é um número tão abaixo.

O Bayern de Munique mudou de postura no segundo tempo e acertou a trave duas vezes no mesmo lance logo nos primeiros minutos da segunda etapa com Leon Goretzka. De tanto martelar o gol saiu, com Joshua Kimmich de cabeça, aos 19 minutos.

Até então, o Arsenal pouco assustou Manuel Neuer. As melhores oportunidades vieram de Martin Odegaard de fora da área. Logo após o gol, Arteta tirou Jorginho (volante) e colocou Gabriel Jesus, o suposto homem-gol dos Gunners na Champions League (quatro gols em sete jogos). Martinelli que pouco produziu também deu lugar a Leandro Trossard.

Mesmo com as mudanças, o Arsenal não foi perigoso para a defesa do Bayern de Munique. Já foi falado neste site, na sofrida classificação diante do Porto nas oitavas de final, que a ausência de um camisa 9 era um problema. Mas o problema vai além disso.

Martinelli e Saka são jogadores “de elite”?

Martinelli e Bukayo Saka não conseguiram mostrar que podem ser considerados jogadores de ponta como Rodrygo e Vinicius Junior do Real Madrid. Se esconderam? O brasileiro tocou apenas 32 vezes na bola e finalizou outras duas sem perigo. Já o “Starboy” teve 36 ações com a bola e três cruzamentos errados.

Comparando com Raphael Guerreiro e Leroy Sané, pontas do Bayern de Munique, o franco-português tocou 42 vezes na bola, fez o cruzamento certeiro para o gol de Kimmich, enquanto o ex-Manchester City teve 38 ações com a bola e duas finalizações.

Além disso, Kai Havertz, que vinha numa ascendente, marcando cinco gols e dando quatro assistências nos últimos nove jogos, voltou a ter pouca utilidade atuando de falso nove, mesma posição que marcou o gol do título da Champions League do Chelsea em 2020/21. O alemão tocou apenas 23 vezes na bola.

Tendo um maestro como Odegaard, o que faltou? Movimentação, tabela, drible, envolver o adversário e, claro, um finalizador. Quando a bola rondava a área do Bayern de Munique e ninguém chutava era como ver uma agulha entrando lentamente na pele. Uma agonia.

O exemplo está em Londres

Faltou ao jovem Arsenal — elenco com média de 5,2 anos, a 5ª mais jovem da Premier League — jogadores com poder de decisão. O Chelsea campeão da Champions League em 2012 sobre o Bayern de Munique em plena Allianz Arena é um grande exemplo. Didier Drogba, Frank Lampard e Ashley Cole eram jogadores da grandeza da Liga dos Campeões. Talvez, o promissor plantel gunner ainda se torne, mas não será hoje.

Arteta, como aprendiz de Guardiola, repetiu o feito do Manchester City de 2021 e perdeu a Champions League por faltar um “algo a mais”, sabendo que montou um elenco forte para brigar nas cabeças da Inglaterra e da Europa. Mas os Citizens, pelo menos, chegaram até a final.

Definitivamente, o que falta para os Gunners terem um “super elenco” é um definidor nato e decisivo. Um Harry Kane, um Haaland ou mesmo um Endrick — será que o Real Madrid topa emprestá-lo? Afinal, a concorrência está enorme com a chegada de Mbappé, rs.

Enfim, resta ao Arsenal terminar a temporada sem perder para tentar, quem sabe, ser campeão da Premier League e já pensar no que fazer para colocar o time londrino definitivamente na elite do futebol mundial, ao lado de Real Madrid, Manchester City, Borussia Dortmund e Bayern de Munique.

Próximos jogos de Bayern de Munique e Arsenal

  • Sábado (20), às 13h30 (horário de Brasília): Union Berlin x Bayern de Munique no An der Alten Forsterei
  • Sáabado (20), às 15h30 (horário de Brasília): Wolverhampton x Arsenal no Molineux Stadium
Romulo Giacomin
Romulo Giacomin

Formado em Jornalismo na UFOP, passou por Mais Minas, Esporte News Mundo e Estado de Minas. Atualmente, escreve para a Premier League Brasil.