Bom elogiar, logo de cara, o trabalho espetacular que a dupla Mikel Arteta e Edu Gaspar está fazendo. As escolhas arriscadas, e muitas vezes contestadas dos dois, fizeram o Arsenal pular da quinta colocação na Premier League em 2021/22 para o vice-campeonato em 2022/23. Uma diferença de QUINZE pontos de uma temporada para a outra.
Os Gunners voltam a disputar a Champions League após seis anos sem terminar entre os quatro mais bem colocados da liga inglesa. Mas treinador e coordenador-técnico não estão satisfeitos.
Para subir ainda mais um degrau, foram atrás de Declan Rice. A contratação mais arrojada dos últimos anos. Para não dizer, corajosa. Quando ficou claro que o Arsenal estava disposto a pagar 105 milhões de libras pelo volante de 24 anos, muita gente criticou. Sério que ele vale tudo isso? Arteta e Edu acham que vale.
E não hesitaram em, de maneira rápida, tirar o poderoso Manchester City (!) da briga com uma proposta irrecusável para o West Ham. Na opinião da dupla, Rice é tudo o que o time precisava: jovem (como quase todos os outros titulares), cheio de personalidade e qualidade. Já acostumado com a liga, mas sem vícios e preconceitos que o impediriam de se adaptar ao estilo de jogo e treinamento de Arteta. Um jogador (mais um) para anos e anos de serviço ao clube.
Kai Havertz e Jurrien Timber completam a lista de contratações. O primeiro, de 24 anos, será mais um coringa no time. Pode jogar tanto mais recuado (preferência do Arteta), como fez na vitória por 5 a 3 contra o Barcelona na pré-temporada (jogo em que até marcou um gol), ou mais avançado (aberto pelos lados ou centralizado mesmo).

O segundo, de 22 anos, mais uma boa opção na zaga, que por vezes na última temporada precisou ser preenchida por Rob Holding. E outro que pode atuar também na lateral-direita, assim como Ben White.
E aí vem outra grande vantagem para o Arsenal: o elenco ficou pronto um mês antes do início da temporada. Enquanto Pep Guardiola fala que não esperava a saída de Riyad Mahrez e torce para que Bernardo Silva permaneça no time, Mikel Arteta já sabe com quem contar.

Finalizado
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Arsenal - Mônaco
Europe Friendlies - Emirates Stadium
Thomas Partey pode se despedir até o fechamento da janela, é verdade. Mas Rice está aí para substituí-lo, se isso realmente acontecer. Granit Xhaka, outro jogador muito importante na temporada passada, saiu em alta.
O clube conseguiu fazer dinheiro (25 milhões de libras) com um atleta de 30 anos que, tempos atrás, era odiado por muitos torcedores e quase saiu pelas portas do fundo. E gente para entrar no lugar dele no meio-campo, não falta. Pode ser o próprio Havertz, o Smith Rowe, quem sabe até o Fabio Vieira.
Por tudo isso, o clima que se viu na pré-temporada nos Estados Unidos foi completamente diferente dos anos anteriores. Ficou clara a relação leve, às vezes até de amizade mesmo, que Arteta já construiu com alguns dos jogadores.

Os treinamentos intensos e de extrema exigência física foram, durante todo o tempo, intercalados com momentos de alegria, descontração e risadas. O sentimento de equipe, na acepção da palavra, parece fazer parte de todo o jovem elenco do Arsenal. Algo que não se via desde os tempos áureos de Arsène Wenger.
É fácil afirmar que o time é sem dúvida um dos favoritos para ganhar a Premier League.
Há quanto tempo não se falava isso?
É também fácil dizer que os Gunners chegam na Champions League em condições extremamente melhores do que as da última vez que disputou a competição, em 2016/17, quando todo mundo sabia que não chegaria longe e acabou caindo nas oitavas de final para o Bayern de Munique, com duas derrotas e placar agregado de 10 a 2.
O Arsenal de hoje é muito forte. Na Inglaterra e na Europa. Muito confiante. Principalmente depois da ótima temporada anterior. Muito bem treinado. Um técnico que se identifica com o clube e mostra evolução de ideias e postura ano após ano. E muito ambicioso.
Desde a chegada do treinador espanhol, em dezembro de 2019, já foram 591 milhões de libras em contratações. Suficiente para cravar que irá ganhar a Premier League? Claro que não. Mas, se tivesse que apostar em alguém… eu iria de Arsenal. E vejo esse mesmo time chegando longe (semifinais, talvez?) na Champions League. Portanto, termino como comecei: que trabalho de Arteta e Edu…