O Arsenal segue com dificuldades na Champions League. Depois de passar nos pênaltis contra o Porto, os Gunners empataram em casa no jogo de ida das quartas de final contra o Bayern de Munique.
O time do Norte de Londres até saiu na frente com 11 minutos de jogo, após uma grande pressão no ataque. Bukayo Saka recebeu a bola de Ben White e marcou um belo gol. Mas a vitória durou pouco. Seis minutos depois, uma falha bizarra na saída de bola originou no gol de empate.
David Raya estava quase no meio de campo quando William Saliba entregou a bola para Gabriel Magalhães na fogueira. O brasileiro passou para Jakub Kiwior, que não dominou, e o Bayern de Munique aproveitou. Leon Goretzka acionou Serge Gnabry, que fez valer a “lei do ex” e empatou a partida.
Aos 29, Leroy Sané foi derrubado por Saliba dentro da área e Harry Kane converteu a cobrança de pênalti. O ídolo do Tottenham, torcedor do Arsenal na infância, marcou seu 15º gol em 16 jogos contra os Gunners.
Por que a defesa do Arsenal falhou?
A consistência na defesa é um dos pilares da grande temporada do Arsenal, que lidera a Premier League e que está vivo na Champions League. O time londrino tem a melhor defesa da liga inglesa, com apenas 30 gols sofridos, e tinha até antes do duelo com o Bayern de Munique a defesa menos vazada da Liga dos Campeões (cinco gols sofridos).
O que aconteceu? O Arsenal “sentiu” o peso da Champions League, competição que nunca venceu? Os Gunners sentiram o desgaste do calendário abarrotado de jogos? Qual foi o motivo para a defesa falhar tanto assim numa partida tão decisiva?
Tudo parte do estilo de jogo implementado por Mikel Arteta. Sim, o calendário pesa, da mesma forma que enfrentar um hexacampeão da Champions League também. Mas esse time já pegou o atual campeão do mundo três vezes na temporada e não perdeu (dois empates e uma vitória). No primeiro deles, pela Community Shield, o Arsenal ainda conseguiu levantar o caneco batendo o Manchester City nos pênaltis.
O problema foi na saída de bola. O Arsenal de Arteta adotou desde a temporada passada o estilo “joga bonito”, em que a bola passa de pé em pé até chegar à meta adversária. Isso pode ser perigoso quando se tem um Bayern de Munique como adversário.
Se quer ganhar a Champions League, o Arsenal terá que “avançar uma casa” no game, assim como o Manchester City fez na temporada passada. Aplicar um estilo de jogo que funciona na liga local sem falha, algo até um pouco robotizado. Não pode errar. Não há 38 rodadas para poder se recuperar. É agora ou nunca.
A falha no primeiro gol foi daquelas que levam à memória os fracassos do Arsenal que o fizeram perder o protagonismo que sempre teve. Aquela eliminação para o Manchester United nas semifinais da Champions League de 2008/09, a goleada sofrida na final da Europa League contra o rival Chelsea em 2019 e principalmente a perda do título da Premier League nas rodadas finais na temporada passada após liderar quase o campeonato todo.
Mas o Arsenal demonstra nesta temporada indícios de mudança na mentalidade. Isso passa quase que completamente pelo elenco que montou. Declan Rice, o inglês mais caro da história, Kai Havertz, campeão da Champions League com Chelsea com gol na final, e ainda ter o privilégio de contar com um Gabriel Jesus, tetracampeão da Premier League, no banco.
O diferencial para a volta por cima
Gabriel Jesus entrou no jogo no segundo tempo e foi o diferencial do Arsenal para buscar o empate. Fez uma linda jogada, limpando dois defensores do Bayern de Munique dentro da área e deixou a bola macia para Leandro Trossard, seu concorrente de posição, marcar.
O camisa 9 do Arsenal disse recentemente que o melhor definidor do mundo é Harry Kane, mas não só hoje Gabriel Jesus mostrou que tem algo em que é superior ao craque inglês: o drible. Jogador funcional, atua na lateral do campo, como segundo atacante, como centroavante, como Arteta preferir. É um trunfo, mas poderia ser olhado como mais que isso pelo treinador e pela imprensa. É um jogadoraço.
Então, o Arsenal parece mais pronto do que nunca para tirar toda a “zica” de 20 anos do clube sem conquistar um título de expressão. Mas essa foi a última vez que a defesa, pilar da equipe, pode falhar. Restam seis rodadas da Premier League e o jogo da volta contra o Bayern em Munique. Ou seja, são, no mínimo, oito finais. Esse time não pode errar.