Vice-campeão da Premier League e treinador do Arsenal, o treinador espanhol Mikel Arteta pausou as férias em Mallorca, na Espanha, para conceder uma entrevista exclusiva ao jornalista Juan Castro, do diário espanhol “Marca”.
Entre os temas da conversa, se destacaram as impressões sobre o quase título inglês, perdido nas últimas rodadas para o Manchester City, e sobretudo uma possível saída de Londres para voltar à sua terra natal.
Depois da boa campanha na Inglaterra, o nome de Arteta passou a ser ventilado em alguns dos principais clubes da Europa. O Real Madrid, que demorou a confirmar que Carlo Ancelotti permaneceria para 2023/24 — e deve perder o italiano no ano que vem — e o PSG, que segue sem treinador após a saída de Christophe Galtier, foram os principais interessados. Até o Barcelona, que se encontrou com Xavi no comando, poderia ser um destino futuro que casaria com o estilo de jogo de Arteta.
No entanto, o treinador descartou uma possível saída repentina quando perguntado sobre o interesse do clube francês e dos dois gigantes espanhóis, apesar de ressaltar as saudades da Espanha e deixar as portas abertas para o futuro.
— A Espanha é o meu país. Já estou fora há muito tempo e em algum momento poderia ser uma opção voltar à La Liga e ter outras experiências. O que posso dizer agora é que estou feliz no Arsenal. Me sinto querido, valorizado pelos donos, e ainda tenho muito o que fazer no clube — disse Arteta.
Nascido em San Sebastián, Areta trabalha profissionalmente na Inglaterra há quase duas décadas. Revelado como jogador pelo Barcelona, ele passou por PSG, Rangers e Real Sociedad antes de chegar ao Everton, em 2005.
Ficou em Liverpool de 2005 a 2011 e no Arsenal entre 2011 e 2016. De 2016 a 2019, trabalhou como auxiliar técnico de Guardiola no City. E, desde 2019, é o treinador do Arsenal.
🎶 We’ve got super Mik’ Arteta 🎶 pic.twitter.com/87joEh9Hon
— Arsenal (@Arsenal) February 25, 2023
Por que o Arsenal foi vice?
Os elogios a Guardiola e Manchester City também tomaram conta da entrevista de Arteta. Depois de passar meses liderando a Premier League, o Arsenal perdeu gás na reta final e foi ultrapassado pelos Citizens, que chegaram ao tricampeonato inglês seguido. “Nosso rival era o melhor time do mundo, o melhor elenco do mundo, o melhor treinador do mundo… só pudemos aceitar e cumprimentar o campeão”, admitiu.
Na visão de Arteta, as lesões no fim da temporada acabaram com as chances de acabar com o jejum de 19 anos sem a conquista da Premier League. Saliba, Zinchenko e Martinelli estiveram entre os desfalques nas últimas semanas do torneio.
— Foram vários motivos (que levaram ao vice). Três empates seguidos contra Liverpool, West Ham e Southampton. Houve lesões de jogadores importantes e, a partir daí, tudo se complicou. Fomos consistentes com a equipe completa. Quando tivemos problemas, não fomos. O nível de exigência não se manteve. Se quer ganhar a Premier contra o City, tem que chegar em abril e maio com todos os jogadores disponíveis e em seus melhores momentos — justificou o treinador.
Os méritos do Arsenal
Arteta garantiu que o objetivo era ser campeão “porque a equipe estava conectada com a torcida e me dava argumentos para isso” e que, até hoje, o vice-campeonato incomoda. “Mas conseguir disputar o título com o City tendo uma equipe tão jovem é um mérito, sem dúvidas“, ressalva.
Entre os maiores destaques da temporada, o treinador ressaltou Bukayo Saka — “muito bom, consistente e tem o entorno certo para melhorar ainda mais” — e Odegaard — “é reservado, mas todos escutam quando fala. O ajudamos quando lhe demos a faixa de capitão”. Evitou falar de Declan Rice e até de Kai Havertz, provável reforço, embora tenha dito que o Arsenal precisa de “jovens com experiência”.
Esse é o tipo de contratação que Arteta tem priorizado em sua volta ao Arsenal. Ele revelou que o projeto de resgatar o clube, que há seis anos não jogava uma Champions League, começou antes mesmo de virar treinador.
— Isso começou quando eu era auxiliar de Pep, jogamos contra o Arsenal e eu vi que a alma do clube tinha se perdido. Ninguém sentia nada. Pouco tempo depois, eu sabia que estaria com a opção de estar em outro lugar e sabia que esse clube era tão grande que seria necessário reconectar a equipe com a torcida. Deu trabalho, mas agora me sinto feliz. Temos uma identidade clara, existe união e muita energia. Isso é o principal: todos estão na mesma direção. Demos aos torcedores algo para sonhar e isso me deixa orgulhoso — declarou o espanhol.
Areta confia que o objetivo na próxima temporada, quando o jejum completará 20 anos, será ganhar a Premier League “mais difícil de todos os tempos”. Se o trabalho for mantido, de fato os londrinos precisarão estar entre os cotados.