Em partida válida pelo returno da temporada 2004/2005, na 25ª rodada, o Arsenal abriu as portas do Highburry para o Manchester United. Antes de mais nada, no primeiro encontro, em meio a polêmicas, o United venceu por 2 a 0 em Old Trafford, encerrando ali, a maior sequência de invencibilidade na história da Premier League, que era do rival com 49 jogos.
A afirmação de Cristiano Ronaldo
Atuais campeões, os Gunners tinham motivo de sobra para confirmar seu mando de campo para dar o troco nos Diabos Vermelhos, além de manter-se na perseguição do líder, até então com apenas uma derrota, Chelsea, de José Mourinho. Dessa forma, o objetivo então foi posto em prática sem mais delongas.
Os mandantes não davam espaço para o rival sequer respirar. Em menos de dois minutos, os visitantes já haviam cometido duas faltas e enfrentavam, também, uma torcida inflamada ao reclamar de um possível pênalti sofrido por Ashley Cole – que tentou simular, sem haver contato adversário. Em resumo, a bronca era longeva, visto que no primeiro turno, foi marcado um pênalti para o United que mudou os rumos da partida.
Era notório que a pressão Gunner seria recompensada e não demorou muito. Então, aos oito minutos, em escanteio, Patrick Vieira se livrou bem da marcação para cabecear sem chances para Roy Carroll. Precisou o placar ser alterado para que, finalmente, os visitantes acordassem para a partida.
Ao abrir o placar, era visto um Arsenal menos afobado, com uma pressão a menos nas costas. Eventualmente, a calmaria era tanta que o lateral Lauren não percebeu a pressão feita por Paul Scholes, que conseguiu roubar a bola e a lançou para Wayne Rooney. O atacante apenas escorou a bola para a entrada da área e Ryan Giggs finalizou para empatar. A bola ainda foi desviada por Ashley Cole.
Leia mais: Quando o Manchester United venceu o Arsenal com sete defensores
O jogo era outro. Manchester beirava os 60% de posse de bola em busca do gol da virada. Apesar de mais volume, não encontrava muitas brechas contra o sólido sistema defensivo do Arsenal. A frustração passara a tomar conta, principalmente para o jovem Rooney que, após lance entre Robert Pirès e Darren Fletcher, deu início à primeira discussão da partida.
Já o Arsenal, acolhido em seu campo, optava pelos lançamentos, confiando no brilhantismo das estrelas Dennis Bergkamp e Thierry Henry. Já que a ideia era a mesma, a persistência acabou dando resultado.
Lançamentos atrás de lançamentos, um deles daria certo. Como resultado, o brilhantismo dos principais jogadores do time da casa prevaleceu. Vieira lançou Henry que esperou Bergkamp passar para colocar os Gunners mais uma vez no lado alto do placar. O chute do holandês, sem muito ângulo, foi certeiro: rasteiro, entre as pernas do goleiro.
Se os primeiros 45 minutos ficaram marcados pela pressão do time da casa, o restante da partida ficou por conta dos jovens, pra ser mais exato: Cristiano Ronaldo e Wayne Rooney. Logo após apenas sete minutos da etapa final, tudo mudou completamente.
Primeiro, em outra rápida triangulação – dessa vez entre Rooney, Giggs e Cristiano – o gajo, então com 24 anos, bateu sem chances para Almunia e empatou a partida. Dois minutos depois, em falta na entrada da área, Rooney acertou a trave, mais especificamente a quina, para quase virar o jogo. Entretanto, sem muitos problemas, os Diabos esperaram por mais alguns curtos minutos para alcançar o lado vencedor.
Leia mais: Manchester United 2007/2008: onde estão os jogadores daquele elenco?
Roy Keane roubou a bola e rapidamente a conectou com Ryan Giggs. Por conseguinte, o galês atraiu toda a marcação e só precisou cruzar a bola para encontrar Cristiano Ronaldo livre, sem goleiro, para virar o jogo.
O terceiro gol expôs um dos principais motivos para que o United saísse vencedor da partida. Apesar de possuir mais qualidade aos pés de Vieira, o meio-campo Gunner perdeu a batalha no setor mais importante. Scholes, Keane e o então jovem Fletcher tiveram uma exímia exibição ao dominar o meio-campo com intensidade do início ao fim, mudando qualquer rumo previsto.
A partir do terceiro gol, a partida esfriou. Por mais que ainda tivesse tempo de sobra, o resultado parecia estar selado. Coube então ao zagueiro Mikäel Silvestre ser expulso para ela esquentar mais uma vez.
O curioso é que o lance foi à parte, em que o zagueiro cometeu dois erros. Não só deu um empurrão em Bergkamp, como também um empurrão de cabeça em Ljungberg. O suficiente para tirá-lo de campo.
Leia mais: Manchester United x Juventus: a virada antes do histórico título no Camp Nou
Não havia outra escolha para o Arsenal a não ser pressionar em busca de, pelo menos, o empate. Sir Alex Ferguson logo fez substituições para repor a perda e tornou o time em uma muralha defensiva para os dez minutos finais. Por outro lado, Henry teve as únicas chances para empatar – uma livre, da entrada da área, e outra em uma bela bicicleta. O resultado das finalizações não ameaçou tanto a meta adversária.
Em um resumo do jogo, na beira dos acréscimos, o United fez mais um ataque rápido, dessa vez a triangulação foi entre Scholes, Louis Saha e John O’Shea, esse que finalizou bem por cobertura, dando números finais a partida.
O United completara assim o double – duas vitórias na temporada contra o mesmo adversário. Foi a primeira vez desde 2001/2002 que uma das equipes conseguiu o feito. Logo depois, as partidas não adiantaram muito. United terminou em terceiro e Arsenal em segundo, atrás do Chelsea que, por uma derrota, não terminou invicto.
Escalações Arsenal 2×4 Manchester United
Arsenal: Almunia; Lauren (Fabregas), Campbell, Cygan e Cole; Ljungberg, Flamini (Reyes), Vieira e Pires; Henry e Bergkamp. Técnico: Arsène Wenger.
Manchester United: Carroll; Gary Neville, Ferdinand, Silvestre (expulso) e Heinze; Fletcher (O’Shea), Keane, Scholes, Ronaldo (Brown) e Giggs; Rooney. Técnico: Sir Alex Ferguson.