Titular do West Ham nas últimas temporadas, o atacante Michael Antonio concedeu uma entrevista marcante. Falando ao “High Performance Podcast”, o jogador se abriu sobre terapia, traumas, saúde mental e o desgosto pelo futebol.
Ao longo da conversa, Antonio chegou a dizer que preferia estar lesionado para não precisar jogar. Campeão da Conference League na última temporada, sequer conseguiu comemorar o título.
Saúde mental e dificuldades no West Ham
Antonio revelou como o fim de seu casamento, traumas da infância e a pressão do futebol o afetaram profundamente. Ele entrou em estado de desânimo e questionamentos sobre sua carreira.
O jogador de 34 anos, que já representou a Inglaterra no início de sua trajetória, descreve como a atual temporada foi marcada por um declínio em seu desempenho e uma crescente aversão ao futebol:
O início dos problemas
O jogador relata que começou a identificar os problemas por volta de dezembro de 2022, quando ele percebeu que não gostava mais de futebol. Jogar pela seleção da Jamaica era considerado um escape da realidade para ele nesse momento.
No processo, ele esperava se machucar para que não precisasse retornar à Premier League. No entanto, uma lesão no ligamento medial o trouxe de volta à realidade de que dificilmente conseguiria um novo contrato a menos que melhorasse seu desempenho.
O divórcio de sua esposa Debbie Whittle em 2017 intensificou as dificuldades enfrentadas por Antonio. A dor da separação, somada às pressões do futebol profissional e às memórias dolorosas da infância, o levaram a um estado de profunda tristeza e angústia.
— Eu estava passando pelo meu divórcio e outras coisas, e honestamente não conseguia raciocinar direito. Depois que vencemos (a Conference League), todo o time saiu para comemorar, o treinador saiu, se embebedaram, alguns jogadores não dormiram por dois dias (…) eu já estava dormindo no ônibus e voltei para o hotel.
“Minha vida virou de cabeça para baixo“, declarou. Foi nesse momento que o atacante do West Ham decidiu buscar ajuda profissional. A terapia se tornou um refúgio para o jogador, um espaço seguro para explorar seus sentimentos e traumas.
— Comecei a terapia porque estava realmente lutando. No começo foi difícil, mas aos poucos fui abrindo meu coração e percebendo que precisava de ajuda — admitiu Antonio.
Ajuda do West Ham e de companheiros
O processo terapêutico, juntamente com o apoio da equipe médica do West Ham e da Associação de Jogadores Profissionais, foi fundamental para a recuperação gradual de Antonio. Através da terapia, ele aprendeu a lidar com seus sentimentos, reconstruir sua autoestima e redescobrir a paixão pelo futebol.
— A terapia mudou minha vida. Me deu a força e as ferramentas para superar meus desafios e me tornar uma pessoa mais forte e resiliente — disse o jogador.
Antonio disse que, mesmo sendo uma pessoa que nunca chorava, simplesmente desabava ao falar com seu psicólogo. “Foi incontrolável. Isso me deu algum tipo de alívio. E então meu peito parecia aliviado.”
Antonio não foi o único a desabafar sobre saúde mental
O inglês naturalizado jamaicano não foi o primeiro a se abrir sobre esse tipo de problema. Ainda nessa temporada, o brasileiro Richarlison foi um dos pioneiros sobre temas envolvendo saúde mental.
O atacante do Tottenham também concedeu entrevista falando sobre como a terapia salvou a sua vida e o ajudou a dar a volta por cima em campo. No processo, encorajou companheiros a buscarem ajuda.