Há tempos não se via um fim de semana tão nocivo para o futuro dos técnicos da Premier League. A grosso modo, dá para dizer com tranquilidade que Unai Emery, Marco Silva, Manuel Pellegrini e, em menor grau, Ole Gunnar Solskjaer e Quique Sanchez Flores viram o nível de satisfação com seus trabalhos diminuírem.
Os três primeiros correm grande risco de demissão, enquanto Pep e Klopp seguem vencendo e um certo José Mourinho triunfou na estreia. Vamos aos acontecimentos.
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Altos e baixos da Premier League #13 – A corda bamba dos treinadores
Positivos
1) Um recomeço animador para o Tottenham
A chegada de Mourinho trouxe ao Norte de Londres uma expectativa de recuperação. Alguns fatores de preocupação, mais compatibilidade com o elenco e, claro, um hype natural por se tratar de um dos maiores treinadores da história. O início foi empolgante, com a primeira vitória fora de casa em 11 meses.
O decepcionante West Ham ajudou, mas os Spurs trataram de demonstrar ao torcedor vários pontos que podem ser interessantes no trabalho de José. Alli revigorado, participando de lances-chave e tendo uma função que explore suas melhores qualidades; Lucas Moura, admirado pelo português, produzindo e Son puxando ataques em velocidade, por exemplo.
Os dois gols sofridos de forma isolada não apagam o fato de terem disparado com uma vantagem de três a zero, algo inimaginável esse ano com Mauricio Pochettino. O argentino fez história, mas Mou tem capacidade de gerar coisas boas com esse elenco. Já se começa a criar um clima para seu retorno ao Old Trafford, no próximo dia 4 de dezembro.
2) O cara do Liverpool
Não podemos mais chamá-lo de subestimado. Mané é devidamente reconhecido pela maioria das pessoas como um dos melhores jogadores do mundo e não para de fazer jus ao posto. Em mais uma partida complicada para os Reds, abriu o placar e deu o tom para o time sair do Selhurst Park com os três pontos – com Firmino decidindo no final.
O Crystal Palace de Hodgson tem um rendimento mais do que respeitável e consegue dificultar a vida do Big 6, como fez nesse sábado. Sem Salah e alterando totalmente a dinâmica do ataque com a entrada de Oxlade-Chamberlain na ponta esquerda, o Liverpool precisava encontrar alguma maneira de furar o bloqueio dos Eagles.
O jogo intenso, incansável e decisivo do senegalês foi fundamental.
3) Um respiro para os Saints
Há um mês, o Southampton passava por um vexame histórico. Sofria a maior derrota da Premier League desde sua criação (1992), humilhado dentro de casa pelo Leicester, novo queridinho dos neutros – posto ocupado pelos Saints até alguns anos atrás.
Várias questões surgiram e ficou a curiosidade sobre a reação do elenco nas rodadas posteriores. Não podiam ceder ao momento difícil, visto que o rebaixamento é uma preocupação real. E por enquanto dão sinais de que vão fazer de tudo para se recuperar – mesmo que falte qualidade.
Contra o Arsenal, fizeram um jogo de extrema dedicação sem a bola e souberam explorar os buracos adversários até o último passe, falhando apenas na conclusão em vários lances.Pelo menos conseguiram balançar as redes de Leno em duas oportunidades e só não saíram de Londres com os três pontos por um gol derradeiro de Lacazette.
Mereceram mais e, somando esse desempenho ao esforço demonstrado desde a goleada, dão certo alento ao torcedor. O problema é que a tal falta de qualidade faz a diferença, mas não vão deixar de tentar reverter a situação.
Negativos
1) Dias contados?
Não é o mesmo post. É que o Arsenal parece ter vaga cativa nos pontos negativos de toda rodada. É, Emery, a impressão é de que não se trata de uma fase pouco inspirada. O trabalho inteiro trouxe fatores mínimos de evolução e é seguro dizer que muitos torcedores nem comemoraram o gol de Lacazette aos 96, empatando contra o Southampton no Emirates.
Afinal de contas, é um resultado ruim somado a mais uma atuação ruim. E os visitantes ainda saíram com um gosto amargo de que mereciam a vitória. Por incrível que pareça, o jogo ofensivo vem sendo dependente de Ozil – figura que o treinador deixou encostado por tempos – e defensivamente conseguiram piorar em relação a ‘era Wenger’.
Unai está com os dias contados.
2) O Everton precisa se mexer
Mais um treinador que está com os dias contados. É um cenário repetitivo no Goodison Park, mas a situação está cada vez mais insustentável e a diretoria indica finalmente estar disposta a mudar. Marco Silva empolgou em Portugal e na saga contra o rebaixamento do Hull City, mas desde então trouxe mais problemas do que soluções.
A visão já era de que o Everton deveria estar em um estado superior, mas com certa esperança na chegada dos frutos do investimento em treinador e elenco. No entanto, perder dentro de seus domínios para possivelmente pior time do campeonato pode ter sido a gota d’água.
O Norwich não vencia há sete jogos e desencantou contra os Toffees. Pelo visto, Moyes se prepara pra um retorno…
3) Pouco crescimento nos Hornets
O Watford, antigo time de Marco Silva, tenta há alguns anos encontrar a fórmula de subir de patamar. Ainda não achou e os resultados não passam mais tanta confiança pra torcida, que até pouco tempo atrás não tinha muitos problemas.
Javi Gracia foi demitido em setembro e Quique Sanchez Flores voltou para colocar ordem na casa, mas não tem sucesso por enquanto. São duas vitórias em 11 jogos sob o comando do espanhol, uma delas sendo na Copa da Liga e com direito a um 8 a 0 do City no caminho.
De certa forma a equipe até ganhou de estrutura, mas nada a ponto de garantir resultados valiosos e está claro que precisa evoluir. Agora tem dois jogos fora de casa, o Palace no Vicarage Road uma sequência contra Liverpool e United. A missão é difícil.