Altos e baixos da Premier League #20: Ancelloti sorri, Arteta sofre e Watford respira

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Até relógio para, mas a Premier League não. Neste final de semana, tivemos a última rodada de 2019, com o Liverpool se confirmando cada vez mais como principal candidato ao título. Também na rodada, a briga por vaga nas competições europeias esquentou e um velho conhecido acabou desempregado. Vamos aos altos e baixos da rodada.

Altos

1) Marcado na história

Há pouco mais de uma semana, o Liverpool conquistava o mundo, no Qatar. Como consequência, não só acrescentou mais um troféu na sua robusta sala de prêmios, mas também obteve o direito de utilizar o símbolo, ou patch para quem preferir, de campeão do mundo.

Porém, por conta de, mais uma, dentre várias burocracias da Premier League, só pôde usar o brasão no uniforme por uma rodada. A rodada em questão foi essa, em que recebeu e derrotou o Wolverhampton por 1 a 0, com gol de Sadio Mané.

O padrão imposto pela organização do campeonato leva essa partida direto para o livro de história dos Reds. A única na história em que a camisa utilizada contou com o símbolo da primeira conquista mundial do time. Há controvérsias com essa escolha, mas evita que o símbolo seja saturado, ou até mesmo banalizado.

Apesar da proibição nas competições inglesas, os campeões ainda poderão usufruir do símbolo em competições europeias, ou seja, atualmente na Champions League e até mesmo em uma possível Supercopa da UEFA na próxima temporada.

A partida fechou com chave de ouro o 2019 do Liverpool. Em 2019, foram 37 jogos na Premier League, vencendo 31, empatando cinco e perdendo apenas um. Com um jogo a menos, os Reds têm 13 pontos de vantagem em relação ao segundo colocado, podendo abrir 16 caso vença seu compromisso adiado, contra o West Ham.

2) O dedo de Carlo Ancelotti

Não demorou muito para que o consagrado técnico italiano mostrasse sua força no Everton. Em duas partidas, duas vitórias. Na rodada, os Toffees visitaram o Newcastle e, com dois gols de Dominic Calvert-Lewin, venceram por 2 a 1. Foi a primeira vitória do time fora de casa desde 9 de novembro, contra o Southampton.

Ao longo da partida não foi visto um Everton dominante, pelo contrário, tomou bons sustos do adversário. O que se via em campo era um jogo aberto para os dois lados e o que melhor aproveitasse as oportunidades, se sairia no lado superior do placar.

Everton Ancelotti Ian MacNicol Collection Getty Images Sport
Ian MacNicol Collection Getty Images Sport

Everton mostrou uma coragem que era pouco vista. O processo começou antes mesmo de Ancelotti assumir, com o ex-jogador Duncan Ferguson, que com mais proximidade dos jogadores, conseguiu resgatar algo que parecia perdido na temporada.

Agora, com confiança e qualidade, Ancelotti consegue maximizar seus jogadores para que os resultados apareçam. Depois de beirar a zona do rebaixamento, os Toffees já se encontram na décima posição, com 25 pontos e cinco jogos sem perder.

Vale ressaltar que dentre esses últimos cinco jogos, três deles foram contra membros do Big-6 (Chelsea, Manchester United e Arsenal). Pela frente, mais dois testes: Manchester City e Liverpool.

3) Na Premier League, é preciso se adaptar

Após árduas críticas depois da derrota para o Wolverhampton, na sexta-feira, Pep Guardiola se deparou com mais um desafio: a surpresa da temporada, o Sheffield de Chris Wilder. Dessa vez, o espanhol se saiu bem em suas decisões e conseguiu vencer. 2 a 0 com gols de Sergio Aguero e, mais uma, grande atuação de Kevin De Bruyne.

Kevin De Bruyne que foi o principal motivo da dor de cabeça de Guardiola no jogo passado. O meia belga foi substituído cedo, fazendo com que o jogo mudasse completamente de rumo. Por conta disso, o treinador foi fortemente criticado e precisava de uma resposta rápida. Ela veio.

Leia mais: O caminho do gol: Como os gols são construídos na Premier League? 

Contra um Sheffield que joga na 5-3-2, que acaba se tornando um 3-5-2, Pep fez algo raro: se adaptou ao jogo adversário. E deu muito certo. Fernandinho, Eric García e Rodri formavam uma linha de três zagueiros, dando liberdade para os alas, Walker e Zinchenko, apoiarem e pressionarem o adversário.

Com superioridade na qualidade, Pep se aproveitou da tática para também ser superior nas quatro linhas, pressionando a saída e tendo mais profundidade para trocar passes. O efeito foi tão grande que a única finalização do Sheffield foi no último lance, com o jogo já liquidado, em cabeçada de Billy Sharp na trave.

Os Citizens seguem em terceiro, um ponto atrás do Leicester e 14 do Liverpool. Rodada após rodada, a esperança do time se sustenta em manter a distância e tentar diminuir a diferença nos confrontos diretos.

4) Que comece a corrida pela Champions League!

Com os três líderes cada vez mais distantes, fica claro que sobrará apenas uma vaga para a Champions League. Nessa rodada, a disputa por essa vaga ficou ainda mais interessante. Com um turno inteiro pela frente, a corrida tende a ficar cada vez mais apertada.

Dentre os times que hoje estão perto da vaga (quarta colocação), temos o Chelsea, com 35 pontos, que é o atual quarto colocado. Manchester United, quinto, com 31. Tottenham e Wolverhampton com 30, e mais atrás, o Sheffield, em oitavo, com 29.

A rodada foi mais favorável para Chelsea e United, que em jogos difíceis fora de casa, confirmaram sua candidatura na briga. Os Blues derrotaram o Arsenal em pleno Emirates, de virada, já na reta final, por 2 a 1. Já os Red Devils venceram o Burnley, por 2 a 0.

Wolverhampton e Sheffield enfrentaram Liverpool e City, respectivamente, fora de casa, e apesar de jogos duros, saíram derrotados. O Tottenham acabou sendo o que mais perdeu na rodada. Apesar de ter lucrado um ponto, apenas empatou por 2 a 2 contra o lanterna Norwich.

Além dos três primeiros, o quarto colocado tem vaga para a fase preliminar da Champions League. O quinto, por sua vez, garante vaga na Europa League. Caso algum inglês vença alguma das competições, as vagas podem aumentar.

5) Respira, (e sonha) Watford!

Três. Três rodadas sem perder para o Watford. Entrando em uma temporada de expectativas altas após alcançar uma final nacional, os Hornets vêm demonstrando um futebol abaixo do que sua capacidade. Após mudanças de treinadores, até chegar ao atual, Nigel Pearson, dias de paz parecem ter chegado.

Dessa vez, grande vitória pra cima do Aston Villa, por 3 a 0, com dois gols do ídolo Troy Deeney e um da maior contratação da equipe, o bom jovem senegalês Ismaila Sarr. O time, que ainda não tinha vencido dentro de casa, chegou a duas vitória seguidas nela.

Após bons resultados, a equipe ainda segue na zona, na vice-lanterna, com 16 pontos. Mas o respiro agora é mais aliviado. Apenas três pontos separam o time do West Ham, primeiro fora da zona, porém, com um jogo a menos.

Baixos

1) Nem Aubameyang, nem Leno e… nem Arteta?

Atualmente na 12ª colocação, o cenário não é o ideal para os Gunners. O time conquistou apenas uma vitória em seus últimos 12 jogos de Premier League. Na rodada, ao longo da partida, o cenário parecia ideal. O esperado, que era mais um desperdício de pontos, parecia não dar as caras dessa vez.

Durante 83 minutos, com gol de – como sempre – Aubameyang, o time vinha derrotando o Chelsea por 1 a 0. Porém, o placar terminou de maneira frustrante. Em quatro minutos, Jorginho, em falha de Leno, e Tammy Abraham marcaram para os Blues decidirem o placar final: 2 a 1.

Mikel Arteta é novo no ramo de treinador, seu caminho ainda é longo, mas em um cenário como esse, a paciência é curta. A decisão da diretoria do Arsenal foi arriscada, e as consequências eram sabidas. Consequências que já são realidades.

Arteta Arsenal Adrian Dennis Collection AFP
Adrian Dennis Collection AFP

No segundo tempo, ao liderar por 1 a 0, os comandados do espanhol abdicaram do jogo, chamando o Chelsea que, cada vez mais, fazia amadurecer o gol de empate.

Colocando toda sua confiança nos contra-ataques, os Gunners não criavam muito. Nicolas Pépé, que seria boa opção, se aproveitando do cansaço adversário, acabou entrando quando o jogo já estava fora de controle, aos 86.

Tempo para aprender Arteta teve de sobra, e como um dos melhores. Mas seu tempo para executar, será certamente mais curto. Para um time do tamanho e pretensão como o Arsenal, terminar tão longe do top 4, é uma realidade nada agradável.

2) O fim de Manuel Pellegrini 

A pressão sobre o experiente treinador Manuel Pellegrini era maior a cada rodada que se passava. Imagine só, após uma derrota dentro de casa, contra os reservas do Leicester por 2 a 1. Não havia o que sustentasse sua permanência.

Foram quase dois anos à frente dos Hammers, com 64 partidas disputadas. Hoje, apesar de ter um jogo a menos, contra o Liverpool, é o primeiro fora da zona, com um ponto a mais em relação ao Aston Villa, primeiro dentro da zona. Seu substituto já tem nome e sobrenome: David Moyes.

O treinador é um nome conhecido, afinal, já comandou os Hammers, e era o antecessor de Manuel Pellegrini.

Em 31 partidas, teve nove vitórias, 10 empates e 12 derrotas, marcando 38 gols e sofrendo 48. Será mesmo essa a solução para o bom time do West Ham?

Lucas Pires
Lucas Pires

Jornalista em formação que fala sobre esportes