Estamos na tradição do Boxing Day. Apesar de marcar a metade do campeonato, os times não enfrentaram todos os adversários possíveis ainda. Na reedição da oitava rodada, o Liverpool aumentou a vantagem na liderança, o Tottenham confirmou bom momento com Mourinho assim como o Southampton e mais. Vamos aos altos e baixos da rodada da Premier League #19.
Altos
1) A relação entre Mourinho e Dele Alli
Na partida no sul da Inglaterra na oitava rodada, o Tottenham ainda tinha Pochettino como técnico e sofreu uma grande derrota. A vingança veio em Londres, embora o primeiro tempo mostrasse o contrário.
O Brighton mais uma vez saiu na frente (gol de Webster), mas no segundo tempo os Spurs voltaram com mais agressividade e viraram o jogo. Primeiro, com Harry Kane e, minutos depois, Dele Alli numa bela finalização.
O segundo gol confirma a ótima relação do meia inglês com o técnico português. Desde que Mourinho chegou, Dele melhorou seu desempenho (o camisa 20 vinha num mal momento), ganhou a posição de Christian Eriksen e se tornou mais artilheiro.
Além disso, desde 20 de novembro, data da chegada de Mourinho, Dele Alli fez cinco gols e distribuiu três assistências. Ou seja, oito participações diretas em gols nos oito jogos que esteve em campo com Mou. Portanto, é inegável o papel do treinador na ressurreição de um talento da Inglaterra, corroborado por mais uma boa atuação.
2) Saints vencem mais uma vez fora de casa
Se o desempenho no St. Mary’s Stadium é fraco, fora de casa o Southampton vem surpreendendo. Depois de bater o Aston Villa em Birmingham, o time de Ralph Hasenhüttl aprontou para cima do Chelsea.
Vindo de uma grande atuação no derby de Londres na última rodada, Frank Lampard repetiu o esquema tático que deu certo. Entretanto, os Saints souberam aproveitar as falhas e marcaram dois gols no Stamford Bridge.
Foi mais um daqueles jogos de ataque contra defesa, praticamente. Os Blues dominaram com 67% de posse e 10 finalizações. Mas o que fez a diferença foi a efetividade nos arremates.
Enquanto dos 10 chutes azuis somente três foram na meta, o Southampton acertou a mesma quantidade em metade das tentativas. Obafemi e Redmond garantiram a vitória e o afastamento da zona de rebaixamento, a três pontos do primeiro time por lá.
3) Liverpool, Firmino e Alexander-Arnold
Se a intensidade do time parecia baixa no Mundial, não se pode dizer o mesmo na volta para a Premier League. Jogando no King Power Stadium, o Liverpool não deu chances ao vice-líder Leicester e atropelou sem dó.
A goleada se construiu no segundo tempo, depois de uma primeira etapa de “trocação”. Com dominância no meio, o time de Jürgen Klopp performou seu melhor rock ‘n’ roll e destruiu as esperanças dos Foxes com exuberante atuação coletiva.
Os destaques individuais ficaram por conta do sempre impressionante Roberto Firmino, com dois gols, e do inteligente e moderno lateral Alexander-Arnold. O garoto de 21 anos foi responsável por duas assistências (três, se contarmos o cruzamento que originou o pênalti) e um gol.
Para se ter uma ideia, Trent completou a soma de duas dezenas de passes para gol em uma temporada e meia como titular do Liverpool. Por conta disso, valorizou-se tanto no mercado da bola que superou o companheiro Virgil Van Dijk como o defensor mais valioso do mundo.
Dessa forma, os Reds abriram 13 pontos para o segundo colocado. O primeiro título da era Premier League para o Liverpool parece estar bem encaminhado, ainda mais se mantiverem o ritmo avassalador que foi mostrado neste fim de semana.
4) Freguesia
Os lobos criaram uma freguesia nesta edição da Premier League. Depois de bater os atuais campeões no Etihad Stadium, o feito foi repetido nesta sexta e com muito mais drama e emoção.
Logo de início percebia-se de que a noite para o Wolverhampton seria especial. Ederson foi expulso com 12 minutos de jogo e Rui Patrício pegou cobrança de pênalti de Sterling. Mas o VAR identificou invasão de área e mandou voltar.
Apesar de o goleiro português defender novamente, a terceira finalização do inglês não falhou. No segundo tempo, o mesmo Sterling ampliou de cavadinha. Parecia tudo acabado, certo? Errado.
Com muita força de vontade (e alguns vacilos dos Citizens) a virada aconteceu de forma épica. A diferença de um homem foi sentida e aproveitada. Adama Traoré foi o nome da reação. Primeiro, ele chutou de longe para fazer 2 a 1. Em seguida, roubou a bola de Mendy dentro da área e deu o gol para Raúl Jimenez.
Atordoado, o City ainda viu Doherty, nos acréscimos, virar o placar. Dessa forma, o time de Nuno Espírito Santo conquistou o double (duas vitórias no campeonato) em cima do Manchester City. O português descobriu como bater de frente com Guardiola, sem dúvidas.
Baixos
1) Canários na lanterna
O Norwich deixou todos de boca aberta quando venceu o Manchester City em setembro e parecia que a luta contra o rebaixamento seria tranquila. Mas de lá pra cá, a equipe de Daniel Farke venceu apenas o Everton e mais ninguém.
Nesta metade de campeonato, o time se tornou o terceiro pior ataque ao lado do Newcastle com 19 gols e a pior defesa, sofrendo 38. A nova derrota para o Aston Villa fez os canários serem superados pelo Watford, mesmo com mais vitórias.
As fracas atuações representam a falha no estilo de jogo proposto por Farke. Por mais que o time se proponha a ter a bola, sair jogando com cadência, acaba deixando a defesa muito exposta e, por conta da falta de qualidade na zaga, leva muitos gols. Trazendo para a realidade brasileira, é algo parecido com o que viveu Fernando Diniz no Fluminense, por exemplo.
2) Pellegrini por um fio
O investimento no West Ham desde a contratação de Manuel Pellegrini foi alto e as expectativas tão altas quanto. Mas desde o final da temporada passada os Hammers não convencem.
Apesar da vitória sobre o Chelsea no final de novembro ter garantido um tempo a mais para o treinador chileno, as inconsistentes apresentações cobram o preço com a posição na tabela.
Atualmente, o West Ham é o 17º colocado, ou seja, o primeiro time fora da zona de rebaixamento. A derrota neste dia 26 foi a nona na competição num confronto em que teve menos posse que o Crystal Palace, veja só.
3) Presentes de Natal no Old Trafford
Nada mais tradicional do que presentes no Boxing Day. Tanto que a torcida do Manchester United ganhou seus presentes no gramado de Old Trafford e eles vieram direto da defesa do Newcastle.
Numa atuação horripilante de seus defensores e do goleiro Martin Dubravka, inclusive, os Magpies perderam a vantagem inicial e terminaram com uma goleada. O primeiro presente foi do próprio goleiro. No chute de Anthony Martial, Dubravka foi pego no contra pé e, apesar de ter espalmado o chute, colocou contra sua própria meta.
Pouco tempo depois, Federico Fernandez entregou de bandeja a bola na entrada da área para Mason Greenwood virar o jogo. Como se não bastasse, no segundo tempo, Sean Longstaff recuou bola curta para o goleiro e viu, mais uma vez, Martial com muita calma e categoria transformar a vitória em goleada de 4 a 1.
As falhas apagaram a atuação consistente que a equipe vinha tendo nos primeiros minutos. Embora não tivesse a bola (como sempre), agredia e criava as melhores chances nos contra-ataques. Tanto que o gol saiu assim.
Depois do placar aberto por Matthew Longstaff – de novo contra o United -, os comandados de Steve Bruce deram campo e deliciosos brindes para os atacantes vermelhos.