Tema de debates ao longo do Reino Unido, a relação da família real britânica com o futebol sem dúvida é um dos marcos na história do futebol inglês. Por isso, a PL Brasil destrinchou o elo dos membros da família real com o esporte.
Os primeiros passos da relação da família real britânica com o futebol
O futebol surgiu no final do século XIX quando a Rainha Vitória, a última da dinastia Hanover, era a principal monarca do Reino Unido. Nesse tempo, o futebol ainda era um esporte que engatinhava e não chamava tanta atenção assim do público.
Na virada de século, os britânicos já tinham outra percepção do futebol, que começava a levar muitas pessoas aos campos espalhados pelo Reino Unido. Depois da morte da Rainha Vitória, em 1901, o futebol e a monarquia britânica se cruzaram pela primeira vez.
Com o propósito de fazer uma homenagem à marcante monarca britânica, a Football Association adiou todos os seus eventos por um mês, algo que até então nunca havia acontecido.
Futebol como sinônimo de propaganda
Assim que Eduardo VII faleceu em 1910, o Rei George V assumiu o trono britânico. Ao longo de seus 26 anos de reinado, George começou a desenvolver uma relação com o futebol para que o esporte se tornasse um tipo de plataforma política.
O rei não gostava de esportes, muito menos de futebol. Vale lembrar que naquela época os jogos de futebol estavam começando a se tornar populares de fato, se tornando um jogo de massas.
No entanto, George conseguia enxergar o valor que o futebol poderia ter para o seu reinado. Ele sabia que o esporte tomava cada vez mais proporções gigantescas, ao passo que não poderia mais ser ignorado.
Por isso, em 1912, George V se tornou o primeiro membro da família real britânica a marcar presença publicamente e de maneira oficial numa partida de futebol. Durante o amistoso entre as seleções inglesa e escocesa, George acenou para a torcida presente.
Posteriormente, em 1914, George teve a primeira relação institucional e mais concreta, com o futebol. Naquele ano ele esteve presente na final da Copa da Inglaterra, vencida pelo Burnley, com uma vitória por 1 a 0 sobre o Liverpool.
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Após o apito final, o rei foi o responsável de entregar as medalhas e a taça aos jogadores do Burnley. Durante sua estadia na arquibancada, George foi ovacionado por mais de 73 mil torcedores.
Outro ponto importante do reinado de George V foi a construção do Empire Stadium. O rei foi um dos grandes apoiadores da mega construção que anos depois viria a ser conhecida como Wembley Stadium.
O início da era Elizabeth II
Depois da morte de George V em 1936, passaram pelo trono britânico mais dois reis que não têm registros que os relacionem com o futebol. O único ponto é que, desde 1939, o presidente da Football Association passou a ser um membro da família real britânica, ainda que seja um cargo mais decorativo, do que executivo, de fato.
Logo após a morte de seu pai, George VI, em 1952, a Rainha Elizabeth II assumiu o trono britânico, ainda ocupado por ela até os dias de hoje, com 68 anos de reinado.
Com apenas 27 anos e já Rainha do Reino Unido, Elizabeth marcou presença na épica final da Copa da Inglaterra de 1953. Naquela ocasião, o Blackpool se sagrou campeão após reverter um placar de 3 a 1 para um resultado final de 4 a 3.
Essa decisão é considerada por muitos como a primeira grande transmissão esportiva da TV mundial. Mais de 10 milhões de pessoas assio aquele jogo ao vivo pela BBC. Naquela época, o futebol já era o esporte mais popular do país de forma consolidada.
Mesmo sem a rainha ser o principal foco da final, ela colaborou e muito para que a partida fosse assistida por tanta gente. É que, um mês depois da final, aconteceria a cerimônia de coroação da Rainha Elizabeth Segunda, que seria transmitida pela BBC.
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O povo não queria perder esse momento de jeito nenhum e como na época comprar uma TV não era fácil igual hoje, muitos já adiantaram os pedidos de seus aparelhos. Esse evento fez com que o número de televisões compradas no Reino Unido durante aquele período crescesse de maneira assustadora.
Elizabeth também marcou presença na final da Copa do Mundo de 1966, vencida pela Inglaterra contra a Alemanha. A monarca esteve em Wembley para assistir à partida e ainda entregou a Taça Jules Rimet ao capitão da seleção inglesa Bobby Moore.
Família real britânica contemporânea e o futebol
Com a maior estabilidade nas relações políticas do Reino Unido e com o futebol se tornando cada vez mais uma das instituições mais fortes da nação, a relação entre a família real britânica e o futebol se tornou cada vez mais discreta.
Apesar de o esporte ser um tema de livre discussão pública pela família real, diferentemente de questões políticas, os membros da Royal Family são bastante discretos em relação ao assunto, exceto o Príncipe William.
Apaixonado por futebol, o Duque de Cambridge é declaradamente torcedor do Aston Villa e é o membro da família real britânica que mais se relaciona com o futebol.
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Só para ilustrar, William não tem acesso às contas das redes sociais do Kensington Palace por conta do futebol. Diversos foram os tuítes em comemoração de vitórias do Aston Villa na conta oficial do palácio. Outro episódio ocorreu após a virada do Liverpool sobre o Barcelona na Liga dos Campeões em 2019/2020, quando ele também externou sua vibração pelos Reds.
Além das constantes idas aos estádios, o Príncipe William é, desde 2006, presidente figurativo da Football Association. Nos últimos anos, ele vem usando o futebol como plataforma para falar de saúde mental. Em parceria com a Heads Together, uma iniciativa que cuida da saúde mental, William lançou o Heads Up, uma campanha que visa aumentar a conscientização e promover conversas sobre o tema
Em suma, a relação entre a família real britânica e o futebol não é mais tão interligada. Ambas as instituições pouco se relacionam publicamente, o que faz com que cada um pense e crie a teoria que quiser sobre as preferências de time dos membros da Royal Family.