Os 3 problemas de Guardiola no Manchester City que o Fluminense pode explorar no Mundial

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O Manchester City venceu apenas uma das últimas seis partidas da Premier League. Antes da vitória na estreia do Mundial, eram oito jogos seguidos sofrendo gols, incluindo três do Tottenham, quatro do Chelsea e dois de Leipzig, Estrela Vermelha e Crystal Palace. A situação é clara: existem preocupações defensivas.

O próprio Guardiola admitiu após uma derrota sendo dominado pelo Aston Villa: “Agora estamos enfrentando dificuldades. Precisamos mudar a dinâmica”. Esse é um dos pontos de atenção para a defesa, mas não o único, que o Fluminense pode explorar na final da próxima sexta-feira (22).

Entre atuações ruins individualmente, um problema “antigo” e uma adaptação demorada de Gvardiol, a PL Brasil listou quatro problemas que Guardiola deve mudar durante a temporada do Manchester City.

1. Defesa sobrecarregada e menos precisa

O Manchester City é o segundo time com menos duelos defensivos em toda a Premier League, segundo dados da plataforma de estatísticas “Wyscout”: foram 986 duelos até aqui, média de 51,41 a cada 90 minutos.

Esse é um dado perigoso e que deve ser levado em consideração pelo contexto. Evidentemente o City duela menos, uma vez que é o time que mais tem a bola na Premier League (média de 63,1%). Quanto menos tempo se tem sem a bola, menos oportunidades de duelo existem.

(Foto: Icon Sport)

No entanto, mesmo outras equipes no top-5 em posse de bola se mostram muito mais intensas: o Tottenham tem 1090 duelos até aqui, dois a mais que o Brighton, enquanto o Liverpool tem 1196, mais de 200 a mais.

A intensidade também é calculável: o Wyscout leva em consideração duelos, combates e interceptações por minuto de posse do adversário para chegar a uma estatística avançada de “intensidade do desafio”. O time de Guardiola fica em apenas 11º no ranking, com 5,3. Tottenham (6,6), Liverpool (6,5) e Brighton (6) são os líderes.

Os Citizens também são o segundo time que menos sofre finalizações na liga, com 6,78 a cada 90 minutos — entendível assim como em relação aos duelos totais. Ainda assim, tem seu pior início defensivo no campeonato desde 2009/10 ao sofrerem 17 gols em 15 rodadas.

Para agravar a situação, o time ainda sofre mais gols do que o esperado: o City tem 17,55 de xGA (gols contra esperados) até o momento e sofreu 20, uma diferença de -2,45 — a diferença média é de +1,61. Aliás, a equipe tem a maior diferença negativa entre as 14 melhores defesas do campeonato.

2. Gvardiol (ainda) não encaixou no Manchester City

Um dos jovens mais promissores do futebol, destaque do Leipzig e da Croácia na Copa do Mundo de 2022, Josko Gvardiol se tornou o defensor mais caro da história em sua transferência à Premier League, mas ainda não se encaixou perfeitamente.

Escalado majoritariamente como lateral-esquerdo, Gvardiol tem funções parecidas com as que já executava antes, principalmente com bola, mas as mudanças que ele tem enfrentado são cruciais para seu desempenho abaixo do esperado — até mesmo no ataque.

gvardiol
(Foto: Icon Sport)

Viralizou um vídeo de Guardiola ensinando, em um treino, como o croata deveria dominar a bola ao receber um passe, para que ele usasse o domínio orientado e ajudar na progressão da jogada. Nas imagens, o técnico ilustra como Gvardiol tem dominado para dentro do corpo com o pé esquerdo, deixando a bola no pé direito, o mais fraco, e de lado para o gol adversário — situação muito menos confortável para progredir.

Mas na defesa é que os problemas são mais evidentes. O jovem tem sido facilmente batido por alguns dos pontas habilidosos da Premier League e, defendendo como lateral, apresenta dificuldades em pormenores gestuais para a posição.

Os comportamentos e colocações dos apoios para duelar como lateral são diferentes em relação aos do zagueiro. Como lateral, Gvardiol tem uma linha ao seu lado que pode o ajudar a defender e diminuir espaços, e o posicionamento do corpo na hora de entrar em situação de um contra um tem outra prioridade agora: se como zagueiro é uma situação de defender suas costas e o meio, como lateral se defende suas costas, o meio e a linha de fundo.

3. Ederson segue em baixa

O goleiro brasileiro foi excelente na Champions League na temporada passada e operou milagres na final, mas não teve a mesma constância na Premier League. Teve, na verdade, uma de suas piores campanhas na liga — e o momento não melhorou totalmente.

A campanha histórica do time pode mascarar o ano ruim do goleiro. Segundo a plataforma de dados “FBRef”, ele foi o 33º entre 39º goleiros na Premier League de 2022/23 em uma estatística avançada que contabiliza os gols esperados pós-chute e subtrai os gols sofridos, uma forma de colocar em números quantos gols esperados por finalização ele deixou passar.

Ederson foi reserva surpresa no Manchester City (Foto: Icon Sport)
(Foto: Icon Sport)

Ederson teve -4,8 nessa estatística, ou seja, sofreu praticamente cinco gols a mais. Alisson, por sua vez, foi o líder, com + 10,1.

Na atual temporada do Campeonato Inglês, Ederson é apenas o 24º em gols esperados defendidos, com -2,04. Ou seja, era esperado que, dadas as circunstâncias das finalizações (ângulo, distância, força etc.), o brasileiro tivesse impedido ao menos dois gols a mais do que aconteceu.

Ele ainda é o 20º na Premier League em defesas, mas é um número que, assim como nos casos dos desarmes citados anteriormente, podem ser lidos de forma maliciosa: evidentemente Ederson defende menos chutes, porque o Manchester City é o time que menos sofre finalizações no campeonato.

Atualmente, contando goleiros que jogaram ao menos 10 partidas da liga inglesa, Ederson é o 16º na porcentagem de defesas (65,1%). Não é um número totalmente ruim e é superior ao do ano passado, quando foi o segundo pior goleiro no quesito (56,7%).

Guilherme Ramos
Guilherme Ramos

Jornalista pela UNESP. Escrevi um livro sobre tática no futebol e sou repórter da PL Brasil. Já passei por Total Football Analysis, Esporte News Mundo, Jumper Brasil e TechTudo.

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