As brigas entre jogadores e técnicos, querendo ou não, acabam fazendo parte do futebol inglês. Por isso a PL Brasil trouxe quatro casos da atual Premier League que agitaram os bastidores dos clubes da Terra da Rainha.
Grandes brigas do futebol inglês
1 – Kamara x Claudio Ranieri
O primeiro desentendimento desta lista é recente e teve seu último capítulo no último dia da janela de inverno de 2019. Porém, a intriga entre técnico e jogador teve como cena inicial a partida entre Fulham e Huddersfield, no Craven Cottage.
Na oportunidade, o time da casa sofrera um pênalti aos 82 minutos. Mitrovic era o batedor oficial, mas Aboubakar Kamara resolveu roubar a bola de seu companheiro para realizar a cobrança, que foi perdida depois de uma discussão calorosa entre o camisa 9, Kamara e Ranieri.
“Ele não me respeitou, nem o clube, nem a equipe ou o público.”
Em entrevista concedida ao jornalista João Castelo-Branco (ESPN) após o término do jogo, Claudio confessou ter impulsos de querer matar Kamara pela perda do pênalti depois da desobediência de um comando seu. Ira essa que foi pouco amenizada pela vitória do Fulham com gol aos 91 minutos.
Após este acontecimento, não houve mais qualquer respeito do jogador para com a liderança e o clube. Kamara brigou com colegas em dinâmica de yoga, agrediu um funcionário dos Cottagers e forçou o clube a chamar a polícia. Até que finalmente foi emprestado para Malatyaspor da Turquia.
2 – Mario Balotelli x Roberto Mancini
Se existe uma briga registrada na história do futebol que está repleta de paradoxos é a “rixa” entre Mario Balotelli e Roberto Mancini. O relacionamento de jogador e técnico sempre viveu de altos e baixos, desde atos que poderiam ser considerados como declarações de amor até trocas de insultos e empurrões.
O atacante italiano fora contratado pelo Manchester City na temporada de 2010/11, transferindo-se ao clube por uma quantia de 29,5 milhões de euros (valor Transfermarket). Porém, uma temporada depois o clima já não era favorável para Balotelli.
No tempo de estadia do jogador italiano no City, o técnico Mancini deu várias declarações sobre Balo como ter “paciência eterna” para com o atacante e que se fosse seu pai “daria um chute em seu traseiro”. Eles ainda discutiram em uma partida contra o Arsenal fazendo o treinador desistir de colocar o jogador em campo.
O embate mais antológico de toda essa relação se deu no final da passagem do jogador pelo time azul de Manchester. Em um treino, Mancini pegou Balotelli pela gola da camisa e tentou empurrar o atacante. Na ocasião, a briga não fora explicada, mas tempos depois o treinador deu declarações ao L’Équipe dizendo:
“Disse aos jogadores para não darem entradas estúpidas em Gael Clichy, porque estava regressando de lesão. E depois o Mario entrou duro nele. Fiquei furioso.”
Apesar de tudo, a briga não abalou os sentimentos de ambos um pelo outro, mesmo com a saída de Balotelli para o Milan no início de 2013. Foi ideia de Mancini, atual técnico da Itália, trazer o atacante de volta à seleção em 2018 depois de um hiato nas convocações.
Declarações em 2019 mostram que o treinador ainda conta com Balotelli para o futuro da seleção, deixando claro que sua paciência é realmente infinita.
3 – Roy Keane x Sir Alex Ferguson
Roy Keane é, certamente, muito conhecido por suas brigas. A temporada era 2005/06 e o Manchester United vinha de um ano sem títulos, tendo chegado muito perto de ganhar a Copa da Inglaterra, porém falhando contra seu maior adversário na época, o Arsenal.
A pressão pela volta ao pódio era aguardada e imaginava-se que o ambiente já não seria o mais adequado. Porém, a torcida e o elenco não poderiam esperar uma polêmica tão grande envolvendo Sir Alex Ferguson e um dos medalhões do time, Roy Keane.
A intriga começou quando o volante do United fez críticas a outros jogadores do time em entrevista para a TV do próprio clube. O material foi censurado e não chegou ao torcedor, porém o desconforto já havia sido gerado. Após o caso, Ferguson tirou o capitão dos planos da temporada e não oferecendo um novo contrato.
A briga foi resolvida de forma rápida na época, com Roy deixando o clube a custo zero na janela de inverno. Mas, quem esperava um fim da rixa nunca pôde de fato vê-la. Keane por diversas vezes criticou Ferguson como quando disse ao documentário “Keane and Vieira: The Best of Enemies” lançado em 2013:
“Tudo é sobre controle e poder. Ele (Ferguson) ainda está lutando por isso agora, mesmo que não seja mais manager. Há um ego enorme envolvido nisso”
Apesar das farpas desferidas por Keane nos anos que se passaram, Ferguson deu seu lado da história apenas em 2013 em entrevista coletiva.
“Aconteceu tão rápido. Ele criticou seus companheiros de equipe. Não foi possível divulgar esse vídeo. […] Ao longo da minha carreira, tenho sido forte o suficiente para lidar com questões como essa. Roy ultrapassou definitivamente a linha. Não havia mais nada que pudéssemos fazer.”
Não sabendo qual o lado certo da briga, definitivamente Roy saiu perdendo por encerrar de forma abrupta seu longo e vitorioso vínculo com os Red Devils.
4 – Gianluca Vialli x Ruud Gullit
Muito antes de Antonio Conte criar desavenças com quase todo o elenco do Chelsea, outro italiano fez história pelo clube ao entrar em polêmica com seu comandante na época. Gianluca Vialli chegou aos Blues em 1996 após pedido do técnico Ruud Gullit.
O atacante vinha de grande passagem pela Velha Senhora ao ganhar a Champions League da temporada 1995-96, sendo que após o título resolveu se aventurar pela primeira vez em sua carreira fora da Itália. Tudo para em 1998 acabar tomando o lugar de quem o havia pedido no clube inglês.
Gullit havia vencido a Copa da Inglaterra de 1996/1997, estava em segundo lugar na Premier League 1997/1998 e também se encontrava na semifinal da Recopa Europeia e da Copa da Liga.
Porém, vencera apenas 3 das 11 partidas disputadas antes da sua demissão pela liga e tinha de reverter o placar de 2 a 1 aplicado pelo Arsenal na copa doméstica.
Apesar da requisição de Vialli por parte de seu comandante, o atacante não vinha sendo utilizado por Gullit e o relacionamento de ambos definhava. Até que em fevereiro de 1998 o treinador teve uma demissão relâmpago, sendo substituído pelo italiano que assumiu o cargo de jogador-técnico.
A relação degringolou, pois Ruud Gullit não compreendeu e não aceitou a tomada de decisão da gestão do Chelsea. Colin Hutchinson, gerente geral do clube, explicou a demissão dizendo que o valor de renovação pedido pelo holandês era surreal.
O impacto imediato foi tamanho que as ações do clube caíram 12%, de acordo com notícia publicada pelo El País. Porém, o sucesso não demorou a vir quando Vialli acabou conquistando tanto a Copa da Liga quanto a Recopa Europeia.
O atacante tornou-se o primeiro técnico italiano na Premier League, batendo também o recorde de treinador mais novo a conquistar um título europeu.
PL Brasil Entrevista #02 – Victor Canedo, do Globoesporte.com